terça-feira, 28 de setembro de 2010

Navio Fantasma - Navio Vorax


Até o século XV só as canoas indígenas cortavam nosso mundo das águas. Pequenas e rápidas eram usadas para tudo, da pesca à guerra, da caçada ou namorar na outra tribo à pessoa amada. Feitas de troncos de madeiras escavos com pedras e fogos, eram dos bens mais utlizados na Amazônia Pré-Colonial.

No século seguinte em diante, os indígenas amazônidas assistiram das margens de suas terras, nus, pintados para a guerra ou para receber seus deuses, a descida e a subida de naves, navios tão estranhas a seus mundos. Levados por velas e remos, era um outro mundo que chegava carregado pelas águas, única via e quanse a única até hoje nesse planeta líquido e verde.

Os homens dos navios, vestidos, barbudos e fedorentos, chegaram com a cruz e a espada, e com a força da pólvora dominaram a uns, mataram e outras; estruparam e desvirginaram as virgens de nossos povos.

O tempo fez saber que esses navios movidos a força dos músculos, dos braços, dos ventos, da pólvora, do fogo e agora do petróleo, vieram para ficar e fazer parte do nosso mundo, como se dele sempre tivesse sido parte.

Com o domínio da pólvora, veio o domínio da exploração, para tomar as terras e tomar a vida!

Na era da borracha os navios movidos a fogo, enlouqueceram os homens com os dólares do ouro branco e fez sofrer um milhão de nordestinos que aqui plantaram a semente de uma nação com o sangue e a bravura de um povo que matou mais ainda a quem aqui sempre viveu.

De um lado o delírio nascido no coração pela ambição e do outro o medo de perder a vida e as terras. Alucinados pela força da grana que destroi coisas belas, nas noites escuras, confundiam o real com o imaginário e os navios que subiam e desciam os rios, cuspindo fogo que se transformavam em visões, em fantasmas e cobras grandes que engoliam povoados e suas gentes.

Era a força da ambição vorax, que a tudo sacrificava e transfigurava, criando imagens reais ou imaginárias, dos que nem da própria vida eram donos.

Hoje os navios continuam a subir e a descer o rio, da terra de Machiparo para a terra de Ajuricaba, a transportar as riquezas, vidas ceivadas; movidos não mais à pólvora, não mais a força dos músculos, dos braços, dos remos, do fogo, mais movidos a uma força muito maior: a Ambição!

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