quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Filhos do Boto

Desde criança que escuto estória de botos, tanto de minha, como de dezenas de outras pessoas por este vasto mundo da Amazônia. Gente acima dos oitenta anos vividos nessas terras aquáticas.

Em quase todos os causos ouvidos os botos sempre apareceram como animais e homens. Como animais são gozadores e gostam de brincar, tirar sarro dos outros; estão sempre aprontando das suas. Também são sérios e malinos, metendo medo e perseguindo as pessoas.

É comum ouvir que persegue pescadores ou rasgou suas redes só de maldade. Bicho danado. Ninguém, porém diz que ele precisa comer e vive do peixe pescado pelo bicho homem que invade seu espaço e leva sua comida. Expulsar o invasor de sua cadeia alimentar é uma questão de sobrevivência. Ou faz isso, ou morre de fome.

Como a lei da natureza é a lei do mais forte, o bicho homem tem levado a melhor nessa luta desigual, visto que usa suas armas, suas redes, arpões, zagaias, facas, terçados, porretes e até arma de fogo para eliminar o concorrente.

Quando deixam as águas, saem sempre vestidos de branco e com o chapéu na cabeça para disfarçar, cobrir o buraco por onde respiram. Geralmente vão para festas namorar ou rondar alguma casa de alguma mulher que está enamorado. Sua fama de namorador é de longa data e talvez a que mais lhe define no mundo amazônico.

Na área sentimental bate o bicho homem sem muito esforço. Não tem mulher que resista aos seus charmes, encantos e seu perfume de pitiú. E não encanta só o coração, é uma paixão tão louca, de endoidecer que vai parar na alma.

Quando o ato sexual chega a acontecer, basta uma vez para ficar com o perfume dele no corpo por nove meses.

Sem eles seria difícil agüentar nas comunidades rurais da Amazônia, mundo minúsculo, uma adolescente ter filho sem pai ou um chifre na cabeça de “um cabra macho!”

Um comentário:

Professor ALVES de Coari/AM disse...

Sem comentário ao lindo e maravilhoso texto.

Do Professor ALVES de Coari/AM e Família:

Desejamos um FELIZ NATAL E UM PROSPERO NOVO TEMPO EM 2011 ao Padre Zezinho, aos redatores aos funcionários do EXCELENTE BLOG PROVINCIA DE MACHIPARO.