segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2011 - Esperanças

Ontem estive numa "soltura" de quelônios na Aldeia da Praia do Geral II. Foi um momento de grande emoção.

A Aldeia da Praia do Geral II é formada por um pequeno grupo de índios da etnia ticuna. Minha ignorância sobre a história dos povos indígenas da terra do gás e do petróleo me faz vergonha. Se alguém me perguntar sobre eles, não tenho quase nada a dizer, a não ser reconhecer minha ignorância.

Sinto muito por isso. Minha educação escolar sobre nossos índios é zero e penso que as coisas continuam assim. Faz parte do processo de nossa alienação. Dizem que quanto mais sabemos do passado mais valorizamos o presente. Talvez seja isso. Desconfio.

Segundo o cacique do grupo, Sr. Alfreu, a comunidade cuida de sua praia e não deixa que peguem os animais que vão para lá desovar e nem retirem seus ovos há 15 anos. Aparentemente, ao modo amazônico são pessoas pobres e são de fato, olhando pelo modo capitalista de vê a vida, onde o que vale é o ter e não o ser.

Historicamente os povos indígenas viveram milhares de anos na Amazônia e souberam com ela conviver, numa interação de respeito e cuidado - Amor.

Quando aqui chegaram, encontraram uma floresta intacta e mesmo fazendo as mudanças, continuaram investindo para fazê-la melhor, gerar qualidade de vida. O resultado é o que temos hoje, mesmo depois de ter sofrido destruições, nossa natureza ainda é exuberante.

Depois de terem passado milhares de anos plantando amor e colhendo vida; os indígenas da Amazônia assistem nesses últimos 500 anos o egoísmo, a ambição e corrupção humana plantar mortes e colher desgraças.

Já são cinco séculos de guerras contras todas as etnias que bravemente resistem nossa fome vorax que nunca está satisfeita. Sempre quer mais e quanto mais tem, mais quer ter. Quem sabe que não seja por isso que nossa natureza regada a sangue e vida, insiste em ficar de pé, diante de tantos os golpes de machado, de terçados, das moto-serras e da força da grana.

Nesses últimos anos nossos índios estão renascendo, ressuscitando e das entranhas da floresta, começam a se organizar, tentando superar os vícios aprendidos e agora presos em si, como tatuagens.

E paridos pelo umbigo do mapinguarí, eles estão de volta, quer queiramos ou não. Com arcos e flexas, com o corpo pintado e nus de qualquer poder vão lentamente, com dificuldades construindo seus caminhos. Com todos os desafios que ser índio implica. Para eles, depois do século XV o Brasil nunca mais foi o mesmo, tudo ficou muito mais difícil, até as guerras.

Lutar de arco e flexa contra armas de fogo, é derrota na certa!

Se iniciativas como essas não se tornarem uma prática comum entre nós, muitos sãos os animais que desaparecerão da face da terra. E não esperemos pelo poder público, principalmente pelos nossos "politiqueiros", pois querem é ganhar o dinheiro do povo e comprarem tartarugas para seus banquetes. Uma refeição dessa demonstra poder, principalmente econômico. Mexe conosco.

Nossos índios com senso de conexão com a mãe natureza, mostram que é possível superar muitos dos nossos enganos. A felicidade é mais simples que pensamos.


Agradeço o convite do Sr. Alfreu e dos índios ticunas da Aldeia da Praia do Geral II que me permitiu de viver um momento mágico, divino!

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