segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Um defeito de cor

A internet que anda a passos de jabuti, a trabalheira, mais uma pitada de preguiça e relaxamento, me fizeram postar pouco esses dias.

Me esforçei para deixar de colocar a leitura em dias. Tirei da prateleira o livro de Ana Maria Gonçalves que comprei num sebo na minha viagem a Sampa. Gostaria de agradecer ao meu guia Agnaldo, sem ele seria mais difícil de achar o livro na terra da garoa.

O romance ganhou um dos mais prestigiosos e antigos prêmios literários da América Latina, o Casa de las Américas. Um defeito de cor foi premiado na categoria. Um livro extraordinário, inventivo, indispensável. São umas 1.000 páginas, uns 400 e tantos personagens, 80 anos de história do Brasil-África-Atlântico-negro e uma voz alinhavando tudo: Kehinde, possivelmente Luiza Mahin, talvez a mãe do poeta negro Luiz Gama.

Kehinde nasceu no reino do Daomé, em 1810 e a cena antiga, primordial da qual se lembra é traumática. Abre o livro. Revelar, numa resenha, o que acontece nas primeiras 10 páginas deste livro seria um pecado comparável a revelar o final do melhor thriller. Ela foi violada, foi escrava, foi mãe; foi também preta liberta, pequena capitalista, refugiada, mulher de inglês, dona de padaria, revoltosa com os muçurumins da Bahia de 1835, libertadora de outros pretos, brasileira de volta na África. Mais sobre o Romance... é só comprar aqui!

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