sexta-feira, 21 de março de 2008

"Liquidificados"
"Pois tu és pó e ao pó tornarás" (Gn 3, 19b), esta é uma "verdade de fé" para quem acredita na Palavra de Deus, na Bíblia. Praticamente nunca trato assuntos "bíblicos" ou "religiosos" no blog, e esta citação bíblica não será para isso.
"Pois tu és pó e ao pó tornarás" (Gn 3, 19b), recorro a Bíblia para dizer que nós coarienses não iremos passar por este processo, não iremos retornar a ser o que fomos, isto é, não vamos voltar a ser pó, terra, barro. E isso já está acontecendo.
Podemos nos perguntar como isso está acontecendo em Coari? Como estamos deixando de ultrapassar um barreira que é uma "verdade de fé", "bíblica"? Nós, justamente nós que estamos impestando a cidade e o interior, o município inteiro de "igrejas" quebrando o que está escrito na Bíblia. Nós que nunca lemos tanto a Bíblia como agora.
Pois é, estamos atropelando essa "Palavra"!
Não estamos retornando as origens bíblica de voltar ao pó, de ser terra, barro pelo modo e pelo local onde estamos sendo sepultados. É isso, o "Carecão" está nos liquidificando. O "Carecão" foi construído para ser "Estádio", "Estádio Manoel Brasil" e não cemitério.
Parece que quem transformou o Estádio em Cemitério não está ou quis, ou não percebeu, que a estrutura para um estádio é bem diferente da estrutura de um cemitério. Um Estádio é sempre plano, qualidade primeira para a "redonda" deslizar com perfeição e alcançar seu alvo. Caso alcance e atrevesse o "arco", deixando para trás a zaga e o goleiro, faz a alegria da torcida.
Por ser plano, o gramado é facilmente encharcado por qualquer chuvada, fácil, fácil o que era para ser um tapete vira uma lagoa e se não drenado a água penetra fundo até muito abaixo das raízes da grama ali plantada.
Aqui está o Tendão de Aquiles de um Estádio transformado em Cemitério, a dificuldade que o terreno tem de conviver com a água da chuva ou qualquer outra água. Como vivemos numa região do mundo chuvosa, todo esse aguaceiro vai parar nos corpos ali enterrados, plantados.
Pelo aguaceiro das chuvas, próprias desse tempo na nossa região, quem é enterrado nos gramados do "Carecão" está sendo "Liquidificado", está deixando de retornar a ser pó, terra, barro para ser água.
E esse processo de "Liquidificação" se dar muito mais rápido do que o processo "bíblico" onde éramos transformado em pó, uma vez que boa parte do nosso corpo é água, alguns com boa porcentagem de outros líquidos, principalmente álcool (de cana e cerveja... ), a água da chuva que atravessa o gramado, a terra e chega até o corpo em decomposição é só mais um complemento, acelera o processo para chegarmos ao cem por cento "Água" e assim "Liquidificamos".
E isso é sério, muito sério. Para os que crêem é um 'desafio de fé', vai de encontro a "Bíblia", e agora José? Sei não!
Outro detalhe que aqui não poderia ficar de fora é que todo esse aguaceiro das chuvas vai parar em algum lugar. Uma parte sai liquidamente para o lado do cemitério "velho", o Santa Terezinha", é gente saindo em "forma líquida", "Liquidificados". O pior de tudo é o cheiro, o mal cheiro, pois, todos nós, pretos, brancos, coloridos ou de outras cores, de todas as raças, de todas as classes sociais, depois de mortos, apodrecemos, fedemos. É uma catinga insuportável.
Agora, "Liquidificados", saimos de nossos túmulos, nos libertamos dos sete palmos de terra no peito e escorremos, vamos percorrendo os arredores do cemitério, voltamos a perambular pelas ruas coarienses em forma líquida. Somos lambidos, sugados pelos carrochos daquela área, entramos pelos poros das crianças que naquelas poças d'água brincam.
Assim estamos voltando a ser corpos, estamos nos corporificando de novo; entrando em corpos através dos poros que estão em contato com aquela água vinda do cemitério, saída do carecão, estamos entrando em cachorros e outros animais que ingerem o líquido precioso e necessário para a vida. Será que estamos nos reencanarndo? Uns voltando a ser gente em gente, outros deixando de ser gente para ser chachorro(a).
É um caso sério, é um caso de fé... é um caso teológico. E agora José? Sei não!
Tudo isso está acontecendo porque quem tomou a decisão de transformar o "Estádio Carecão" em "Cemitério"; não entende de Estádio, de futebol, de redonda, muito menos de cemitério ou de morto... Só pode ser Flamenguista ou Vascaíno!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, primo! Li a matéria sobre o cemitério e o ex-estádio (único) de futebol. Mataram o o único estádio e lá mesmo o sepultaram! Coisas de Coari! de gente que não é gente. Concordo com tudo o que falaste. Muito boa a matéria. Li-a com gosto. Infelizmente "Nosso" municipio está mal governado!
O jeito é partir para as denuncias de formas literarias como as suas. É isso!
Parabéns!

Um abraço!

Do primo Dario!