terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nosso Mundo

Amazonas é o Estado de mais conservado da Região Norte do Brasil. Esta conservação não se deve a nenhum programa do governo ou de outras organizações; mais sim por não termos uma malha de estradas para escoar qualquer produção ou bens extraídos da floresta.

Devido a essa ausência de estradas o que sobra são os rios, nossas hidrovias, estradas líquidas. Por esse planeta água são transportadas diariamente fortunas incalculáveis. Rios de dinheiro.


Quase todas as vezes que viajo, cruzo com esse tipo de "balsa" que descem o rio carregando "seixo" e sobem o rio vazia; como esta da foto. São três, quatro e até cinco balsas empurradas por barcos rebocadores com motores potentes. Cada uma delas carrega uma quantidade enorme das "pedrinhas" insubstituíveis na indústria da construção civil.

Fazem o percurso da região do Juruá até Manaus. Há uma grande estrutura que vive desse negócio e movimenta fortunas anualmente. Os empresários dessa área agradecem os que fazem esse trabalho pesado para construírem um mundo de casas e apartamentos na capital.

Fico pensando até quando a natureza vai agüentar? Já são dezenas de anos tirando seixo das águas escuras dos rios da região do Juruá. Claro que o pensamento de quem trabalha com esse material é o seu enriquecimento no momento, o resto, é o resto. Mais se faz necessário não esquecer um velho ditado dos antigos: "pote que só se tira água, um dia seca", parafraseando pode-se dizer: "rio que só se tira o seixo, um dia seca".

Já esse tipo de balsas dessa outra fotografia, raramente se topa com uma. É a balsa do saber. Leva cursos profissionalizantes pela imensidão do nosso Estado. Há apenas uma para atender todos os municípios do interior. Atualmente está na terra do açaí.

Por coincidência, esperando uma embarcação no porto de Codajás, conversei com um dos responsáveis num restaurante do porto da cidade, onde almoçava. Dizia-me que estão no município executando vário pequenos cursos, buscando alcançar o objetivo de preparar mão de obra para serviços básicos e assim gerar empregos, principalmente aos jovens.

Também falou que o governo do Estado está construindo uma balsa maior com melhores condições de trabalho e oferta de novos e mais cursos. Em Codajás estavam com os cursos: pedreiro, hidráulico, marcenaria, eletricista, informática básica e avançada.

Lamentava, poderia ser muito mais, a procura é muita. Mais balsas e mais cursos. Enquanto a indústria desenvolvimentista investe milhões para lucrar infinitamente; o investimento na educação do jovem do interior para torná-lo um profissional é um nada.

Há um mundo a construir, enquanto há outro que está sendo destruído!

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