quinta-feira, 25 de março de 2010

Codajás

Estou em Codajás para participar da Ordenação Diaconal de dois jovens seminaristas que até o fim do ano irão ser ordenados padres (acompanhe aqui). Vivi por dois anos e meio na terra do açaí, de julho de 1993 até dezembro de 1995. Foi um bom tempo da minha vida, de boa convivência com esse povo, como todo povo da mãe pátria, América Latina, tão cheio de esperanças e tão sofredor.

De lá para cá, já se vão mais de 15 anos, tanto eu, como a cidade mudamos, e muito.

Em mim o tempo tem deixado marcas de vários formatos, de desafios e no corpo, de sabores e cheiros diversos. Na cidade, na sua gente e na sua geografia. Já não é a mesma com tanta gente nova e espaços nascidos com a chegada e nascimento dessa gente.

Sendo conhecida como a terra do açaí, pela abundância dessa fruta por toda parte e pelo modo como ele é preparado, sempre forte, uma papa, mingau. Nesses últimos 20 anos desenvolveu-se uma verdadeira economia em torno da fruta, principalmente vendida em caroço, exportado para Manaus.

No fim do mês de abril, todos os anos, a secretaria municipal de cultura realiza uma grandiosa festa intitulada por ela como Festa Cultural do Açaí; conhecida por todos como "Festa do Açaí". São três dias de apresentações de danças e de bandas, locais, regionais e nacionais. Um formato aplicado em muitas festas, assim dita "cultural", nos mais diversos municípios do Amazonas.

A jangada, artesanato de materiais naturais, vendida pela ocasião da festa!

Sendo a cidade situada na margem do grande Rio, o Solimões, ter um barco por aqui é de grande serventia; são os nossos meios de irmos para cima e para baixo, nossos carros, ônibus e trens.

Por aqui passam barcos que transitam entre Manaus e Tabatinga, isto da capital, do centro do Estado até a tríplice fronteira do Brasil, Perú e Colômbia. É porto intermediário da rota Manaus- Coari e Manaus - Tefé. Por isso todos os dias barcos chegam e parte, tanto para Manaus, como para as cidades do médio e alto Solimões.

A foto é de barcos na "carreira", oficina de barcos. Um trabalho útil e bastante utilizado, visto a quantidade deles na região!

A cidade tem crescido muito nesses últimos anos, com gente vinda principalmente da zona rural do município que se esvazia cada vez mais. A periferia inchou e uma invasão gerou um novo bairro e as administrações não conseguiram acompanhar o crescimento com serviços básicos para uma boa qualidade de vida da população.

Servida de três canais de televisão, de serviços de internet com provedores e vários cybers, e com telefonia móvel da Vivo. São serviços de tecnologias de última geração; porém com uma péssima rede de esgotos, alguns a céu aberto e com abastecimento de água de péssima qualidade.

Grande parte das ruas estão uma buraqueira só, com matos e águas de esgoto escorrendo por toda parte, dando mostra de um total abandono por parte da atual administração. É a cara de quase todas as cidades do nosso Estado.

Estamos assim vivendo numa das regiões mais ricas do planeta, mais numa cidade de um povo empobrecido, enganado e iludido; governados por políticos que só prometem e nunca cumprem!

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