quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um Grito Desumano


Por todo país, hoje na festa da independência serão muitos os "Gritos dos Excluídos". O maior deles será contra a corrupção. É o povo brasileiro gritando contra essa praga que invadiu de norte a sul a terra de Santa Cruz.

E esse grito abafado não será a expressão de uma passividade submissa diante do destino. Não será o suspiro de resignação do escravo, não pode ser a súplica do desesperado que pede algumas migalhas no festim da abundância.

Será um Grito ainda abafado de uma multidão incontável de excluídos, que lutam por respeito, dignidade, igualdade e cidadania; valores que o sistema social, político e econômico lhe tem negado/roubado em nosso país.

Mas quem são os excluídos que irão gritar pelo país? Com certeza, não serão os excluídos os que deviam de fato gritar. Esses, pobre gente, pobre povo, nem gritar conseguem. Nem sabem da existência desse grito. Quem gritará são pessoas de outras classes, quem sabe, mais escolarizados e com oportunidade de conhecimentos e uma certa economia que lhes possibilitará de gritar pelos sem voz.

Em Coari os 38,8% dos habitantes que precisam viver/sobreviver com R$ 136,25 por mês são os excluídos. São quase excluídos de viverem. Vivem de migalhas. Esses não gritam nas ruas, a própria vida já é um grito desumano, uma maneira silenciosa de resistência. Porém, a nossa insensibilidade não nos deixa escutar.

A terra do gás e do petróleo nunca precisou tanto do Grito dos Excluídos, pois a maioria de sesu filhos vivem na exclusão. E quem dar esse grito? Quem gritar é perseguido. E o grito vai ficando uma palavra atravessada, presa na garganta

Os murmúrios, os gritos da fome dos excluídos, pobres, gigantes na luta pela vida, de viverem com R$ 136, 25 por mês; são abafados e ignorados pela nossa fome vorax de poder e de dinheiro!

10 comentários:

Professor ALVES de Coari/AM disse...

Para Nossa Reflexão! E a Petrobras o que faz aqui? Respondo. O que o peixe faz, nada!

Parabenizo o Padre Zezinho pelo texto.

Padre Zezinho quero contribuir nesse dia 7 de Setembro de 2011, assim: na minha velha lembrança dos aos 80/90, a nossa Igreja Católica de Coari/AM, algumas vezes convocava o povo para ir a Praça de Santo Afonso, lá na nessa praça se esclarecia vários assuntos relacionados a isso que o nobre Reverendo escreveu:

“Esses, pobre gente, pobre povo, nem gritar conseguem. Nem sabem da existência desse grito. Quem gritará são pessoas de outras classes, quem sabe, mais escolarizados e com oportunidade de conhecimentos e uma certa economia que lhes possibilitará de gritar pelos sem voz.”

Mas isso é no tempo da Teologia da Libertação, onde a nossa Igreja Católica de Coari/AM, nos anos 2000 parece ter esquecida, ou apenas adormecida esse modelo libertário religioso.

Quanto à miséria de Coari/AM relatada no texto vem de muito longe, e, por exemplo, cada vez que a Petrobras constrói um poliduto (1995/98) ou gasoduto (2007/2009) ao terminar essas obras miséria fica em Coari/AM. Basta ter olho na cara pra ver. A grita é geral, pois estamos vivendo a era construção pós-poliduto, onde a massa assalariada desempregada nos términos da obra, as mazelas aparecem de forma acentuada. Daí, sem um estudo científico, o que se vê por todos os lados são as reclamações, e quem pega toda culpa é o prefeito e os vereadores.

Neste bem produzido texto do Padre Zezinho não se lê uma palavra sequer contra os estragos que essas construções têm causados a todos nós moradores de Coari/AM, pois além das doenças sexualmente transmissíveis que vem crescendo acentuadamente em nosso meio, ao terminar as obras, aparece uma quantidade de crianças nascidas do fruto do relacionamento entre o sexo feminino e masculino, aonde estes muitas vezes a parte masculina vai embora deixando as crianças sem pai. Com o fim das obras, também desemprega em massa, e muita vezes, os trabalhadores desempregados ficam em Coari/AM a busca de uma nova oportunidade. Tudo isso não recai em cima da Petrobras, mais em cima da Prefeitura para cuidar.

Agamenon Silva disse...

Quando chamo o Alves de néscio pseudo professor,certamente que ele e meia dúzia de puxa saco do prefeito não concordam,mas veja o que esse cidadão escreveu nesse comentário! agora a culpa das mazelas de Coari é da PETROBRAS,isso no mínimo é para mim sinismo,a estatal despeja milhões de reais todo mês nos cofres da prefeitura,para quem não sabe esse dinheiro,é para ser investido para o bem comum dos coarienses,imagina senores se com esse dinheiro o prefeito não desenvolve um projeto para melhorar a exclusão de nossos irmãozinhos,se não houvesse esse dinheiro certamente o néscio pseudo professor iria dizer que a culpa é do bisbo,tenha santa paciência Srº Alves você agora se superou.

Anônimo disse...

Padre Amigo! além, muito além do salário reduzido, ainda tem como agravante esse despaltério horroroso do atraso do salário do trabalhador.A petrobras faz sim aparte dela, ela paga as compensações ambientais para cidade. O problema é que é MAL administrada, cadê a fatia da cultura do meio ambiente, e etc...
e esse prefeitinho ainda fala em reeleição. Arnaldo nós que votamos em você, já vimos esse filme antes, estamos espertos agora. esse seu grupinho não vai se reeleger. o povo clama por dias melhores e não por dias piores.
Aquela força que minha familia te deu, você já perdeu. minha moto e mau carro ficou a disposição da sua campanha, agora quero novas opções. você já teve sua chance e desperdiçou.

Professor ALVES de Coari/AM disse...

Esse é meu Grito!

Padre Zezinho bom dia, como é ótimo refletir sobre o real de Coari/AM, a miséria, a pobreza, a falta de emprego, o analfabetismo, aliás, escrever cinismo com s é ser no mínimo analfabeto de pai e mãe.

Não estou querendo aqui discutir se a Petrobras é boazinha ou má, e nem se ela joga milhões de reais, que quero discutir e que a falta de um estudo científico nos leva a pensar bobagem e dizer para nós que a Petrobras nada tem haver com as mazelas de Coari/AM. Ora, em 1990 Coari/AM tinha aproximadamente 38 mil habitantes e cresceu para quase 80 mil, tivemos um crescimento populacional de 100% em menos e 20 anos. De onde veio esse crescimento populacional.

Observe que entre 1995 a 2009 a Petrobras construiu o Poliduto e o gasoduto, ao terminar essas obras as mazelas ficaram em Coari/AM, por exemplo: o desemprego, as doenças sexualmente transmissíveis, mulheres abandonadas e crianças sem pai etc. Isso sem falar nos calotes dados por algumas firmas nos trabalhadores como foi o caso LAURINDO, que além de não pagar os salários e os direitos trabalhistas, não pagou os fornecedores de Coari/AM. De quem é a culpa?

Outra questão é a vinda os irmãos ribeirinhos para cidade a procura de emprego, isso leva ao desabastecimento da produção agrícola e o encarecimento de produtos na Feira do Produtor.

Caro amado Agamenon, claro que os governantes têm suas parcelas de culpa, pois alguns não souberam planejar Coari/AM para enfrentar as mazelas causadas em cada ação da Petrobras (poliduto ou gasoduto). Assim ela sai de fininho como se fosse nossa fonte de salvação e vai embora sem se sentir culpada.

Também não estou falando dos royalties, visto que é uma compensação financeira obrigatória por lei, o que falo é sentar e discutir (Petrobras, Prefeitura, Câmara, Igrejas, Sindicatos, Associações, Cooperativas, etc.) para o enfrentamento das mazelas deixadas pela Petrobras em cada construção realizada, a partir da pós-contrução.

Companheiro Agamenon esse é meu grito, se você ou alguém é contra, é sinal que nosso amor por Coari/AM é diferente.

Um abraço

Agamenon Silva disse...

Outra vez com esse blá blá de estudo científico para discutir as mazelas de Coari, quantas vezes isso aconteceu aqui e vc néscio pseudo professor aproveita para tentar incultar idéias até louváveis nesses encontros,mas agora vossa excelecência está tendo a oportunide de por em prática o que vc tanto alardia nos encontros, e vc não está fazendo nada,ou melhor vc está jogando o seu ínfimo prestígio no lixo,quando defende esse governo impudente,mas sei perfeitamente que vc ganha lá seus quase 10 mil reais para fazer isso,só que vc esquece que nós não somos otários para ver vc disseminar idéias apalermadas na internet e ficar olhando a banda passar, a cada dia desse governo vc vai explicitando a sua alma burlesca,ou seja nos fazendo rir dessas bobagens que escreve.
Sou de Coari meu pai me deu esse nome por ser muito amigo do Drº Agamenon Silva,e o meu amor por Coari é de coariense roxo,e vejo tudo de errado que o impudente prefeito faz,se vc fosse esse cara sério que alardia não viria aos blogs tercer loas a um governo sem vergonha, outra coisa vc escreve palavras erradas também,e no entanto nunca disse que vc é analfabeto de pai e mãe,e o ofendo nas idéias,e as combato muito embora é necessário lhe insultar,pois às vezes vc parece ser de outro planeta ou será autista mesmo?
Se a PETROBRAS for culpada pelas mazelas de Coari,como vc bem explicitou no comentário,quem é responsável pelo atraso no pagamento?das ruas esburacadas?do trânsito a lá India?das festas sem sentidos? (na freguesia lembra?)das vaias que o prefeito recebe toda vez que tem um evento?
São muitas indagações que corroboram a ideias de que vc está errado ao culpar a estatal.
Se faço tal indagações é porque tenho amor por minha terra natal,e todas essas indagações que lhe faço agora,vem na contra mão das suas,portanto mais uma vez vc está errado.
Vc alguma vez visitou os bairros periféricos de Coari? tipo ciganópoles,liberdade,grande vitória,pêras 1,2,3 e 4? lá existem milhares de pessoas que não tem nem o que comer,aí sim seria o grito dos excluídos,sem falar na falta de infraestrutura desses bairros,e o dinheiro da estatal entrando todo mês

José Miguel disse...

É... prezado Padre. Os comentários sobre a atribuição de culpa a Petrobras me fizeram lembrar daquela história que contavam no tempo do comunismo da União Soviética:
Uma família foi reclamar do governo porque a casa em que moravam estava lotada. O governo então solucionou o problema entregando um bode para viver com eles na casa. Depois de uns dias convivendo com o fedorendo animal, os moradores da casa voltaram ao governo para reclamar que o bode fedia muito. Ai o governo pergunta: Se tirar o bode, resolve o problema? Resolve, resolve sim. Respondeu a família.

Por alguns comentários, podemos pensar que a solução para os problemas de Coari seria a retirada do bode (Petrobras) e deixar tudo como estava antes.

Tenha a santa paciência!!!

"sentar e discutir (Petrobras, Prefeitura, Câmara, Igrejas, Sindicatos, Associações, Cooperativas, etc.)"

Ótimo, Boa Idéia!! Mas quem vai puxar essa reunião? a Petrobras? Quem é o interessado? porque ainda não o fez?

Agamenon, Parabéns pela clarividência.

Armandinho do Pera disse...

Taí uma reflexão para todos nós. Será que a Petrobras é tão boazinha quanto parece ser aos olhos do Agamenon e do José Miguel? Tá na hora, ou já está passando da hora dessa discussão acontecer de verdade, pois o Professor Alves tem razão. A Petrobras por anda deixar muitas mazelas e vai embora deixando os problemas para as prefeituras resolver.

Quem vai puxar o cordão pode ser qualquer cidadão de coragem ou entidad. Alguem tem que se candidatar para puxar a discussão.

José Miguel disse...

Armandinho do Pera, não sou nenhum especialista na lei dos royalties mas sei que existe um fundo constituido através de lei federal que destina recursos às cidades produtoras a partir de projetos que visem implantação de centros de pesquisas voltadas para desenvolvimento de atividades nas áreas de petróleo e gás. Parece que até o ano de 2009, Coari deixou de receber uns 15 milhões de reais por não apresentar nenhum projeto nesse sentido. Repito: nenhum projeto foi apresentado para que recursos da ordem de 15 milhões de reais fossem destinados a cidade de Coari para contrução de centros de pesquisa.

Posso até concordar sobre uma maior participação da Petrobras. Mas as coisas não acontecem assim, do nada. Imagino que você seja daqueles coarienses trabalhadores que conheci quando morei aí. Daqueles coarienses que não esperam o dinheiro cair das nuvens e chegar na conta corrente. Imagino que você trabalhe para poder receber seu salário. É isso que defendo. Se Coari quer uma maior participação da Petrobras, que abra a boca, que faça um projeto e apresente a Petrobras ou a qualquer outra empresa, que seja da iniciativa privada, que seja o BNDES, BASA, Banco Mundial, BIRD, etc..
Uma festa, como o aniversario da cidade, poderia muito bem ser bancada pela iniciativa privada ou até mesmo pela própria Petrobras, desde que um projeto convincente fosse apresentado à empresa. Mas o que acontece? ....... sabemos o que acontece.
A discussão é boa, sim. Mas enquanto as coisas não forem bem definidas, bem esclarecidas, a discussão acontecerá somente aqui, nesse espaço cedido pelo Padre Zezinho, a quem devemos agradecer.

Você deixou uma questão bastante pertinente no seu comentário. Eu também gostaria de deixar uma:
Será que a Câmara Municipal apresenta discussões no nível que estamos apresentando neste blog?

Anônimo disse...

Taí eu não tinha percebido o que o Professor Alves diz que a Petrobras tem deixado as mazelas para as prefeituras administrar. Parabéns Professor Alves por levantar esse questionamento.

Mazé disse...

Os roialties é lei e a Petrobras tem que repassá-los. Mas vendo o comentário do Professor Alves e lido oestudo realizado pelo cientista alemão GAWORA relacionado aos impactos ambientais, sociais e econômicos na Bacia Petrolífera do Urucu tirei minhas dúvidas quanto as mazelas de Coari. E agora tenho certeza que a maior responsável é a Petrobras.

Muito agradecido ao Padre Zezinho que escreveu o texto " O GRITO DESUMANO", ao Professor Alves por ter feito eu refletir sobre a Petrobras e ao Armandinho do Pera por reforçar a reflexão.

Também repúdio aos que acham que a Petrobras não tem culpa pela mazelas de Coari.

Um beijo.