terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O essencial é invisível aos olhos

Antes de deixar a terra do gás e do petróleo em 30/06/2011, organizei meu tempo para voltar a cada dois meses. Tentei cumprir o programado e estive por lá um mês nesse segundo semestre. Tempo suficiente para continuar entendendo o que anda acontecendo no município. Não totalmente, é claro. As conversas, o que vi e ouvi deram uma idéia para continuar escrevendo e tentando fazer uma leitura crítica. Talvez como não pretendo seguir essa maratona de viagem, o blog ganhe novos rumos; também não estou preocupado e vamos deixar acontecer e ver como as coisas se darão.

Em nenhuma dessas viagens tive compromissos pastorais ou outros trabalhos, estava livre para em primeiro lugar ficar com familiares e depois com os amigos. Nessa última viagem, agora em dezembro, foram 15 dias; tempo suficiente para relaxar e chegar ao ponto do ócio. Ócio apregoado por Domenico di Massi, o italiano profeta do "docce fare niente*" como força matriz da criatividade . E parece que foi a esse ponto que cheguei. Esse ponto se chega quando estamos com pessoas queridas, com uma boa farinha e uma boa rede. Não tem vida melhor. É o que significa o "docce fare niente"!

Essas fotos que ilustram o post nasceram desse ápice do bem viver, que seria uma melhor tradição para o português do alto momento criativo de Domenico. Elas foram feitas no quintal da casa de minha mãe. Há uma sintonia do interior com o exterior que percebemos o novo onde tudo pode parecer velho ou normal, nascendo assim o diferente. Todos os dias estava no quintal de minha mãe, porém, ainda não tinha percebido as coisas como estão na foto. E esse novo olhar me fez perceber detalhes, antes eles passavam despercebido.

Claro que só perceber o que fotografar não temos ainda a fotografia pronta. Foi preciso escolher ângulos diferentes, luzes, até chegar ao desejado. As fotos foram feitas de dia. Essa por exemplo, foi após uma chuva e com o objetivo da máquina quase fechado, um pequeno truque de fotografia (que descobri por acaso). Só consegui fazê-la porque o objetivo da câmera está com defeito e quando ela é ligada ele não abre sozinho, é preciso abrí-lo manualmente. E foi assim, meio fechado que consegui esse efeito meio escuro, e a água da chuva fez o brilho das folhas. Quero lembrar que minha câmera digital é simples.

O ponto da vista, depende do seu ponto de vista. Fernando Pessoa já dizia que o mundo é de acordo com seu olhar; como somos por dentro vai influenciar a maneira que lemos o mundo, o lado de fora de nós. Conforme vamos construindo esse lado de dentro, vamos percebendo o lado de fora. Se entramos na jogada de um mundo capitalista/consumista a tudo vamos olhar partindo do cifrão, seja uma realidade, um objeto, uma pessoa ou qualquer outra coisa; tudo pode ser vendido ou comprado.

Está aqui o nosso desafio, olhar o mundo partindo de possibilidades novas, aparentemente invisíveis aos olhos; claro que isso depende dos nossos interesses, que definem nosso interior. Como nos diz o pequeno Princípe "o essencial é invisível aos olhos". Depois de olhar para os detalhes das fotos feitas num quintal simples, sem muito cuidado e muito menos preocupação com a forma estética, tenho me perguntado como estou olhando para o essencial da vida e o que é mesmo essencial para nós?

Nossa educação nos emburrece e a de Coari não esclarece e muito menos liberta de uma vida para a subserviência e boa parte da nossa experiência religiosa que estamos experimentado na terra do gás e do petróleo é um xarope para a alienação, onde ditadores são classificados como homens de deus e o povo passa fome e vive na miséria, quando a criação de Deus, o gás e o petróleo, gera fortunas que enriquece uma meia dúzia de pessoas. É dura essa vida, vida de pedras. Do jeito que vamos os 38,8% dos coarienses que vivem com 236 reais por mês vão acabar vivendo de pedras.

Se não mudarmos nosso olhar, se não olharmos a realidade com um novo olhar, principalmente as pessoas, vamos terminar perdendo nossa sensilidade, ficando cegos e com o coração de pedra. Cegos pela força da grana e do poder, estamos cada vez mais destruindo a obra mais bela do Criador, o Ser Humano!

Obs.: click nas fotos para vê-las em tamanho normal.


3 comentários:

Anônimo disse...

Tive o enorme prazer de conhecer o quintal de sua mãe, conheci tambem uma pé de cuia que la tem, sua mãe me contou que aquele pé de cuiera ela tem uma historia, lembro-me que quando ela contou porque não pode corta a cuiera seus olhos verde brilharam. Naquela linda tarde o sol estava brilhando e havia algumas plantas mucha devido o enorme calor, além de uma variedade de plantas na quele espaço ela e sua tia Ita cultivam varias plantas medicinais. Quando estava lá chegou tia Ita com a muda de uma plantinha que trouse da casa do seu tio Carlos, Ela me falou que seu Carlos tinha uma plantação de couve e uma variedade de outras planta, enfim esse espaço lindo que voce mostrou é um verdadeiro encanto. Há naquele dia elas também me falaram o quanto sua vo a dona pretinha era apaixonada por plantas. Acho lindo quem cuida com carinho da natureza.

Anônimo disse...

Querido Padre
A o tezto realmente é bela.
A ditadura terminou em 1984.
Fico triste em ver que ainda existe gente que pensa desta forma e usa do pupito das igrejas para se auto beneficiar.
É cansativo também ver discursos repetitivos e absurdo dos mercadejam a Palavra de Deus. Já nao aguento mais que se usem versículos tirados do Antigo testamento e que se aplicava a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio.
A liberdade é um direito de todos.
Sou livre por isso sou feliz.

Lane disse...

O mundo seria melhor, ou melhor, nossa Coari de riquesas mil seria melhor se cada pessoa fosse a mudança que é desejada para o mundo.
Lane