Desesperançados

Diante de tudo, devagar, o que estão a matar é a nossa esperança. Sempre nos disseram que "a esperança é a última que morre". Os cofres já secaram e secam a cada mês; rios de dinheiro vão como as águas, desaguando em mares desconhecidos e distantes, longe dos nossos olhos e de nosso conhecimento.

E morta, não deixou luz no fim túnel e até aquele brilho das faíscas de migalhas deixadas pelo assassinos, perdeu o sentido. Tudo se vai. Nossa esperança não teve a morte anunciada na TV ou nas vozes dos radialistas babas-ovos. Dela não ficou rastro ou notícia. Foi rápido e silencioso. Ninguém soube, ninguém viu.

E o que resta para um povo sem esperanças? O que um povo sem esperanças espera? A continuidade de ser empobrecido? A possibilidade de acreditar de novo? Se cansar e pensar que a vida é assim mesmo?

Numa terra onde estamos sempre a matar o passado, a viver num presente enterrado, de miséria e fome, diante de entradas milionárias, o que futuro herdarão nossas crianças e jovens?


Enquanto a vida da esperança vai se derramando nos braços da morte, silenciosamente a conta de uma minoria vai engordando, diante de crianças famintas e de uma educação que produz analfabetos, semi-analfabetos e todo tipo de analfabetismo.

O cinismo é a voz dos que eram profetas de um novo tempo anunciado, hoje, ricos e nós, todos, determinados ao silêncio dos túmulos. Ficar calado, é a ordem do dia, aliás, se você falar está a pertubar a ordem.

Chegamos ao ano eleitoral e veremos os rios de dinheiro a serem derramados nas ruas da terra do gás e do petróleo. Nosso voto comprado com nosso próprio dinheiro. Dinheiro que hoje faz falta para um povo sem esperanças... e nem comida amanhã!