sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A nossa mulher cobra


Em dezembro quando estive em Coari, um dos assuntos mais comentados, principalmente entre os adolecentes e nos bairros mais periféricos, não era se o salário ou décimo iam sair ou não ainda naquele mês e sim a "mulher cobra". Naquele momento não dei muita importância para um assunto que olhando superficialmente parecia uma bobagem, infantilidade!

Depois de alguns dias distantes e ouvindo de algumas pessoas que a "cobra mulher" não esteve presente só por Coari e sim impressionou muita gente pelo brasil, fez sucesso na internet e invadiu milhares de celulares, de modo particular pelo norte e nordeste do país e me fez pensar sobre a religiosidade popular dessas duas grandes regioões!

E a realidade da terra do gás e do petróleo é fortemente marcada por essa religiosidade popular, que assim como toda a Amazônia é uma mistura de mundos, ligados por base cimentada pouco racional e muito emocional. Tão presente em nós, como o sangue que corre em nossas veias. E a "mulher cobra" foi identificada como parte desse mundo mítico, mágico e religioso, cheio de supestições que nos enchem de medo, fascínio e curiosidade.

Se quisermos entender mais de Coari, temos que começar a pensar no seu mundo religioso, muito além das "Igrejas" e buscar olhar com mais carinho para sua religiosidade popular, tão perto de nós e tão preconceituada. Essa religiosidade é tão incorporada na nossa terra que quando uma criança adoece pela primeira vez, quase sempre é levada primeiro ao rezador (pajé) e só depois, muito depois, se não "melhorar" ou ficar curada é que vai ser levada até um posto de saúde ou ao hospital, ao médico.

E não só as crianças com diarréia, desidratação, dor de cabeça e com bermes que frequentam nossos rezadores, pajés, macumbeiros; gente adulta, de todas as classes econômicas e igrejas, que vez por outra recorrem a eles para fazerem uma garrafada para um banho, se faz necessário tirar o caié, ganhar dinheiro, conquistar um amor, desafogar a dor de um chifre, tirar caboclos de adolescentes, meninos e meninas, aliciados e estrupados, grávidas ou não.

As razões que nos levam a recorrer a nossa religiosidade popular são as mais diversas e nesse ano eleitoral, serão muitos os candidatos que usarão "trabalhos" feitos por seus pajés com a intenção de serem eleitos. Esse mundo é tão forte que não são poucos os que utilizam um "xibiu de bota" para garantir a conquista de um amor, pois, não acreditam somente na força do charme e nem da grana, quando ela é pouca.

Foi dentro desse mundo tão mítico, tão nosso que a "mulher cobra" fez muito sucesso e não era pra menos, qualquer coisa diferente e que pertence a esse mundo, nos encanta e a cobra só confirmou a nossa crença nas coisas desse universo encantado, tão nosso!


2 comentários:

Anônimo disse...

A crença popular ou superstição é tão forte em nosso dia-a-dia que somos capazes de crer em tudo que acreditamos ser sobrenatural, e isso desperta nos mais espertos ou isperto, que sabem que qualquer novidade sobrenatural pode causar grande impacto. A mulher cobra por exemplo deixou muita gente crente de realmente ela existe, que pena!!! E diante dessa crença absurda que temos em tudo que julgamos ser sobrenatural é que os aproveitadores da fé popular se dão bem. 2012 chegou e com toda certeza vem trazendo muitos fatos fenomenais, principalmente pelos nossos honrados politiqueiros! Caros irmãos fiquemos de olhos bem abertos e ouvidos bem aguçados com relação as tantas promessas desses sérios e comprometidos politicos com seus eleitores, em especial aqueles menos favorecidos economicamente e menos informado, pois esses são mais fáceis de convencer com belas promessas e alguns miseros reais. Um grande abraço e muita paz...

Anônimo disse...

Padre eu tenho certeza que existe MULHER COBRA, a minha por exemplo, toda vez que chego tarde da balada ela cobra...cobra..cobra. Portanto, elas existem!!!!!