08 de Março - a Elas

Este texto era para ser de ontem, porém estes últimos dias foram cheio, faltou tempo para viver tudo que a vida apresentou. Escrever seria tempo desperdiçado, um pequeno luxo que não me foi permitido. Afazeres dos “ossos dos ofícios”, do meu e de todos; esses que nos controlam e com rédeas curtas guiam nossa história e nem sempre por caminhos que queremos seguir. Ainda em viagem, conduzido, consegui fazer o último post. Depois, o tempo fechou e tomou cada minuto de minha existência.

Todos os anos, não tenho falhado aqui no blog um post para homenagear as mulheres no dia “08 de março – Dia Internacional da Mulher”. Elas merecem, afinal de contas, como seria a vida dos homens sem esses encantados seres? Com certeza, uma chatice! E ainda temos que descobrir toda a beleza da vida na pele da mulher; falta muito, e como falta!

Essas mulheres de Atenas, de Marte, de Manaus ou de Coari; avançaram no mercado de trabalho; já ultrapassaram os homens na universidade; nos movimentos sociais, na política, como a primeira ministra da Alemanha, comadando um dos países mais ricos do mundo; como Hillary Clinton no Estados Unidos que segura a pistola e aponta para onde quer que começem uma guerra, movendo bilhões de dólares e a nossa Dilma que faz a dança entre os lobos do PT, PMDB e os seus “aliados”, ávidos lobos, com fome vorax por poder e dinheiro.

Já fomos ao Jurupari juntos, aos mais altos montes e montanhas, descemos ao fundo do mar, as mais profundas cavernas; já fizemos amor na lua; já namoramos em Marte e em Venus; transformamos o corpo no bisturi do Dr. Ivo Pitanguy e já se engravidaram de botos na cidade encantada e estamos nos arrumando para voltar da morte. Quanto mais longe vamos, quanto mais sabemos, mais cresce a violência por esse ser feito da fibra de nossa costela e das mãos amorosas de Deus. Essa mimosa flor da Criação!

Semana passada o jornal Acritica estampou em suas páginas a violência do “homem” amazônico sobre suas mulheres, uma nuvem escura pesa sobre nós e a nossa mão pesada ainda cai ferindo, machucando o ser/carinho que é a Mulher. Mostrou o jornal que em nossa capital 26 mulheres são espancadas por dia; quase todas, vítimas da violência de seus maridos, namorados e amantes; alguém que um dia disse “Eu te amo” ou ainda continua dizendo. Palavras ao vento, transformadas em lâminas de espadas afiadas, que cortam e ferem, deixando marcas para a eternidade.

A mulher coariense, bonita e carinhosa também tem sentido o peso pesado da nossa violência, proporcionalmente somos tão violentos quanto os “manaós”. Procuramos caminhos, gastamos dinheiro com experiências para cuidar das feridas; delegacia das mulheres, secretaria da mulher, ONGs em defesa delas e outras organizações da justiça, e em tudo só constatamos que a violência contra as mulheres cresceu, também de nós, "homens" da terra do gás e do petróleo.

Uma violência criada e alimentada dia-a-dia como um animal, fera ferida e um dia o monstro acorda e avança feroz, vorax e ataca o coração, e quem está dentro dele. Nascemos nesse clima e nele crescemos e é como uma segunda pele, uma crosta que só cura quando fazemos o caminho da ternura!

Quero com esse post dizer parabéns a todos as mulheres, principalmente a minha mãe, guerreira no mundo empobrecedor e que sempre lutou sem nunca perder a ternura e agora atravessa a barreira dos 80 para os 90 janeiros, quando a vida física se torna uma faísca menor, diante da luz eterna que se aproxima.