Tortura

O filme "Tropa de Elite" que poucos dias atrás, ganhou o prestigiado prêmio "Urso de Ouro" do Festival Internacional de Berlim, despertou no Brasil e no exterior amargas críticas e longos elogios.
O filme conta a árida história de como as favelas em volta do Rio de Janeiro gradualmente caíram nas mãos dos traficantes de drogas. O filme causou polêmica porque mostrou a polícia torturando mulheres e crianças para obter informações sobre o líder da quadrilha.
A vida imita a arte, o filme só reproduziu uma realidade brasileira de um dos países de maior desigualdade social do mundo e eis a razão desse mundo de violência, que quase sempre é ignorada. Aqui há ricos cada vez mais rico e pobre cada vez mais pobres. E são quarenta milhões que vivem abaixo da pobreza. Coari, a terra do gás natural e do petróleo é um município rico, mas a concentração exagerada da riqueza produzida por esses bens naturais, nas mãos de poucas pessoas, faz com que aumente a cada dia o número de pobres, isso automaticamente aumenta a violência.
Todas as segundas o rádio anuncia em seu noticiário o número da violência, principalmente os assaltos. Quanto maior a concentração de rendas nas mãos de poucos, maior será a violência. É comum ver estampado nas páginas do jornal Em Tempo Coari fotos de jovens pobres que estão envolvidos em roubos, assaltos e no mundo das drogas. Jamais aparecem os traficantes e os verdadeiros responsáveis por toda essa situação.
Aproximadamente meio milhão de brasileiros foram assassinados na última década, o que torna o país mais violento do que a maioria das zonas de guerra. Boa parte dessas pessoas foram mortas pela polícia.
Nossa justiça só funciona para quem tem dinheiro e ponto final. Nossa guarda municipal tortura e mata. Nossa PM não fica atrás, grossa e violenta; nessa semana prendeu e torturou Nilza Vieira dos Santos de 34 anos que recentemente tinha passado por uma cirúrgia. Nilza está se restabelendo da tortura praticada pelos nossos PMs no hospital regional de Coari, "guardada a sete chaves" por dois policiais que fazem guarda na porta da enfermaria onde ela se encontra.
Segundo as testemunhas Nilza foi presa por ter comprado roupas roubadas, ela afirma não saber que as roupas eram roubadas, foi partindo dessa afirmação que a "tortura" começou para saber se foi ela quem tinha roubado ou de quem tinha comprado.
Em muitos desses casos os objetos são resgatados e entregues aos donos e a pessoa responsável pelo roubo, presa. Agora "torturar" ao ponto da pessoa ir parar no hospital... é sério. Depois, vanhamos e conhemaos, bater numa mulher. Mulher é para dar carinho.
Que país é esse onde a prática da tortura é usada para "acalmar" a violência. Violência sempre gera mais violência!