O trabalhador coariense - um post de ontem!

O mundo do trabalho e do trabalhador coariense é desafiador. O desafio maior é a falta de trabalho, o desemprego é grande. Sendo o município o grande empregador, a tentação de usar esta estrutura empregadora como gancho eleitoral é forte para qualquer um que se sentar na cadeira do palácio 02 de agosto.

Cada ano que passa a máquina municipal incha mais e mais. O vício de ter um emprego (que nem sempre significa trabalho) no serviço público está empregnado no país, faz parte da nossa cultura, as prefeituras vivem o jogo do dar cá, toma lá. E vão empregando além do necessário. Visite um órgão público do município e se surpreenda com a quantidade de funcionários sem fazer nada.

O segundo empregador da terra do gás e do petróleo também é da área do servidor público, que é o Estado, principalmente nas escolas e hospitais. Fazendo a máquina estadual a maior empregadora dos estados.

Não há muitas esperanças para os jovens trabalharem em outros lugares, simplesmente porque eles não existem e nem irão existir, pelo menos tão cedo. Como uma empresa vai funcionar num município onde os serviços básicos estão falidos; não há exergia suficiente nem para sustentar a área doméstica, a telefonia nem sempre funciona, a água é suco de fezes e as ruas estão um bagaço só. O que vem fazer uma empresa aqui sem esses serviços básicos? Como vai funcionar?

Há o comércio numa exploração e desvalorização da força do trabalho ao extremo, quase trabalho escravo. Muitos trabalham de domingo a domingo, sendo que até sábado chegam a fazer de dez a doze horas por dia, com um salário que nem sempre ultrapassa o mínimo, sem carteira assinada ou qualquer outro direito trabalhista. Tudo pelo lucro, é a força do capital ceifando vidas, sonhos e esperanças.

Há o trabalho na área rural, com o setor primário que não recebe incentivo nenhum. Ultimamente os projetos sociais do governo federal, estadual e municipal incentivam ao trabalhador rural a deixarem seus trabalhos, deixarem de produzir para serem mendigos das portas dos órgãos públicos e assim terem seus votos comprados. São so projetos que só fazem dar dinheiro na mão do pobre e não criam nenhuma esperança de vida melhor.

O resultado disso é que a terra do gás e do petróleo importa cada vez mais frutas e legumes de Manaus. Importamos da farinha e banana. Já fomos o município de maior produção de Banana do Brasil; hoje não conseguimos produzir banana suficiente para nosso próprio consumo. O que será que está acontecendo?

Atualmente várias empresas prestadoras de serviço para a Petrobras que estão envolvidas na construção do gasoduto Coari - Manaus, empregam diversos tipos de profissinais; para a maioria dos cargos não há mão de obra especializada na terra do gás e do petróleo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou: "O Brasil não tem desempregados. Tem inimpregáveis". Conforme esta declaração, o Brasil tem emprego sim, mas não para o seu povo despreparado e ignorante. Nessa categoria estamos nós coariense. Os de fora são os que sabem.

E essa mão de obra especializada vinda de fora está deixando na cidade um prejuízo socail/cultural que não há dinheiro que pague e levará muito tempo para ser esquecido: "prostituição, prostituição infantil, gravidez precoce, desestruturação familiar, aumento do consumo de drogas e doenças venéreas, entre outros".

Uma melhoria na qualidade da renda do coariense poderia vir do dinheiro que a Petrobras deixa no município como forma de pagamento pela jazida de gás natural e petróleo que explora. Se esse dinheiro conseguisse gerar projetos de geração e distribuição de renda e não ficasse concetrado na mão de um pequeno gruopo com vem acontencendo, nosso mundo do trabalho seria outro.

Enquanto isso nosso mundo do trabalho só enriquece uma pequena minoria, as custas da grande maioria. São os ricos ficando cada vez mais ricos e os pobres ficando cada vez mais pobres!