quarta-feira, 29 de julho de 2009

Vamos a festa

Nunca vi uma festa ser tão divulgada, como o próximo aniversário da cidade de Coari. A propaganda é dia e noite martelando nos nossos ouvidos a mesma publicidade. Parece que estamos perdendo a capacidade de lembrar por isso, a cada hora, a cada minuto há um meio de comunicação a nos lembrar da festa.

O mais próximo de nós são os carros com som que giram cortando as ruas da cidade; ficam num vai e vem. Não há rua que escape, aquelas que não tem saída, mesmo assim sentem a entrada do som que diferente do carro, entram via ar pelas casas e ouvido adentro.

Agora a tarde me surpreendeu um trio elétrico montado com nossas meninas novas a rebolarem ao som da Cládia Leite, baiana que vem encantar os coarienses afim de esquecerem que estão sendo governados por um grupo cassado.

A intenção vai ficando clara que é a de encher nossa cabeça de barulho, som para que saia as notícias e as imagens de uma Coari manchada pela ação do grupo que governa a cidade nesses quase últimos nove anos.

Dar um porre de festa, da alegria paga, da boa para que quando chegue a ressaca se esvazie da cabeça, do corpo e da alma todo um processo de saque do município mais rico do interior do Estado do Amazonas.

Quando vi o trio com seu som estridente, me lembrei de um dos instrumentos usados pelos torturadores do Brasil da ditadura, era justamente um som repetido infinita vezes até penetrar a alma da pessoa; tinha como intenção levar o torturado a loucura.

Não chegaremos a tanto, apesar da repetição ir maquinalmente nos metendo goela adentro uma programação que não custará saberemos de có e salteado, e só o fato dela pertencer a memória coletiva já pode significar que terá um grande significado para todos. Mero engano!

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