Fome de Beleza

Visitando uma exposição fotográfica no Palácio Provincial em Manaus, encontrei entre as máquinas, uma antiga "Love". A memória fez um vôo no tempo e me trouxe na lembrança minha primeira máquina fotográfica.

Essa máquina era o sucesso dos anos 80. Por ser barata e prática de ser usada, era uma na roda para nós fotográfos amadores. Não tinha segredo, era só olhar pelo buraco quadrado e apertar o botão, e pronto; o momento estava registrado. Vinha com o flash que se encaixava na sua parte superior para fotografias noturnas.

Podíamos fazer 12, 24 ou 35 "poses", depois delas prontas era só levá-la numa loja "Kodak" e como não havia a possibilidade do filme ser retirado, ela ia com tudo. Na retirada das fotos reveladas, vinha de "brinde" uma nova Love.

A qualidade das fotos dependia das habilidades do fotográfo.

A exposição segue mostrando diversos modelos de máquinas fotográficas antigas. Uma viagem no mundo da fotografia.

Olhando para as máquinas fotográficas do passado, vejo o passo monstruoso que fez a fotográfia, passando para as digitais; tanto em beleza quanto em facilidade para fazer uma boa foto. Hoje, portando uma delas, qualquer um, quase sem o mínimo de noção de fotografia é capaz de fazer arte. Mais principalmente o essencial dessa arte, registrar o momento.

No fim da ampla sala com a exposição e outros serviços, está uma TV de tela plana, um metro e ligada a uma aparelho de Blu-Ray, que transmitia um filme e a imagem na tela era tão bela, mais tão bela, que a vontade era de mordê-la.

Então a idéia que saiu voando da tela e pousou sobre minha cabeça, foi a de que o homem tem fome de beleza e a tecnologia compreendeu essa fome e aposentou todos os objetos e máquinas que eram mecânicos, e não despertavam no ser humano nenhum desejo.

Por isso atualmente somos tão fascinados por ela; porque mata nossa fome de beleza. Infelizmente muitos ainda continuarão famintos de beleza e de pão, num país tão rico, mais com sua riqueza tão mal distribuída!