sábado, 14 de agosto de 2010

A Força da Grana


Dias atrás ficamos espantados com o tamanho de um tambaqui pescado no município de Maraã 1m15, pesando 44 quilos e que foi doado ao Inpa e lá ficrá exposto como atrativo aos nossos olhos. É uma prova de que grandes peixes não existem somente em histórias de pescadores.

Segundo os pesquisadores do Inpa o peixe viveu entre 12 a 15 anos e em algum lugar distante, um refúgio bem escondido, destacou numa matéria o jornal A Crítica. O pescador Walter Dias, um dos nove que trabalha na CPBA, disse que no início da década de 70 do século passado pescou um tambaqui com peso parecido a esse na região do rio Juruá. “Hoje é um fato tão inédito que deve ser registrado como fato histórico. A pressão pela pesca é tamanha que os bichos não têm tempo para crescer”, diz ele ao jornal.

Olhando e admirando o tamanho do peixe e sentindo as saudosas palavras do pescador Walter, me veio na memória a feliz de lembrança de quando criança/adolescente se pescava nos fins de tarde ali nas redondezas por debaixo da ponte do "cais" da terra do gás e do petróleo, surubins dos mais variados tamanhos e quando alguém puxava um "grande", saia como o grande vencedor do dia.

Nesses últimos 40 anos nossa região tem sofrido muito com a pesca predatória, geralmente por pescadores que negociam o pescado em Manaus. Eles são vorax e nada respeitam. E hoje nossas águas, diante da riqueza de um passado não tão distante, já se encontram bastantes depredadas.

Nas décadas de 70, 80 e até o fim de 90 a Igreja Católica dedicou tempos e recursos tentando ajudar as comunidades da Amazônia a constituirem para si, em seus domínios lagos preservados. Nesse período de lutas para uma vida mais digna desse povo tão abandonado, enfrentou a força, o poder e a ambição das elites econômicas e políticas da região. E do outro lado a desorganização das comunidades rurais.

No município de Coari a realidade não foi diferente, talvez mais dura e cruel, como quase tudo por aqui, a tal ponto de assassinarem o jovem Ivo Santos, um mártir da luta pela defesa de lagos, que teve sua vida ceifada por dois jovens que queriam por força, pescar no lago preservado que a comunidade onde morava preservava.

Hoje pagamos um preço alto; nosso mundo das águas vazio e os preços altíssimos nas pedras do mercado!

E será que vai ser sempre assim?

Nenhum comentário: