domingo, 8 de agosto de 2010

A morte e a morte do Igarapé do Buquará


A cidade de Coari é abençoada por Deus e bonita por natureza. Diversas são suas riquezas naturais, disso não podemos nos queixar ao criador. Os desafios estão em sabermos administrá-las de tal modo que não venhamos a destruí-las e ao mesmo tempo que todos tenhamos do bom e do melhor que ela pode oferecer.

Atualmente o mundo anda de olho na floresta amazônica, todos preocupados em mantê-la em pé e aproveitar de suas reservas biológicas para curar e se embelezar, isto é, produzir remédios e os mais diversos cosméticos.


Além de grande extensão de terras, muita fauna e muita flora, petróleo e gás, o município é dono de um mundo liquído quase sem fim. Desde o grande rio Solimões e de outros de grandes proporções, há uma infinidades de pequenos lagos, rios e igarapés que dão além da riqueza, uma beleza da cor de toda amazônia, negra e verde.

Diante da cidade, imponente está o lago que leva o nome da cidade, o "Lago de Coari". Suas águas escuras e negras como belos olhos, sofre de toda nossa falta de educação ambiental, que jogamos dentro dele sem misericórdia, além dos nossos restos, tudo que não presta.

Ele insiste em viver; até quando? Não se sabe!

A cidade é cortada de três grandes e lindo igarapés: Pêra, Buquará e Espírito Santo, que são alimentados por outros pequenos e milhares de olhos d'água que insistem em viver por teimosia.

O Igarapé do Espírito Santo, anda em estado de depredação avançada; teve sua mata ciliar arancada à força e sua população bateu em retirada por terem destruído sua principal fonte de alimento, a mata. Hoje sufoca com uma enorme quantidade de fezes que recebe das centenas de casas construidas a sua margem. Vive porque é santo!

O Igarapé do Pêra segue no mesmo martírio, rumo ao calvário da morte; com sua mata ciliar já quase no fim. Sua sorte é não há tantas casas nas suas margens. Despovoado, sente saudades dos seus amigos de tantos anos, moradores de suas águas, que hoje já não encontram o pão nosso de cada dia.

Já o Igarapé do Buquará está sofrendo de morte acelerada. Nesses últimos quatro anos foram construídas dezenas de casas nas suas margens. Além dos esgotos que acabam indo em sua direção; "limparam" a área para se tornar mais "habitável", mais "agradável". E essa está sendo sua primeira morte.

Sua segunda morte está se dando pela retirada de madeira de seu leito, principalmente agora neste período de estiagem. A madeira que estão retirada está sendo usada para construção de casas e na produção de carvão. É só ir lá para ver, sentir e sofrer com ele a sua morte.

Lá se vai mais um dos belos locais de Coari, a terra segue sua sina de já teve!

E não se sabe de um projeto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para a retirada das casas ou impedir que outras venham a ser construídas, ou até mesmo para freiar o seu desmatamento e quem sabe o replante da mata ciliar. Com o secretário que temos, tenho certeza que nada será feito.

Um dia, quam sabe, iremos chorar o leite derramado!

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