segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nômades


Em dezembro, logo após as férias e no mês de janeiro não foram só os velhos e novos ricos que viajaram. Os pobres de qualquer jeitos lotaram os nossos barcos/recreios que nesse período andam rio acima e rio abaixo com o número de passageiros acima de suas lotações.

Há décadas que usamos esses barcos como meios de transportes na Amazônia. Para a grande maioria das cidades do estado do Amazonas esse é o único meio de chegar e de sair delas. Nossos rios são nossas estradas e "tudo" que necessitamos para a vida na Amazônia passa por eles.

Esse janeiro fiquei impressionado com a quantidade de pessoas viajando em nossos barcos. Uma multidão imensa, lotando embarcações e colocando a própria vida em risco. Nunca vi tamanha multidão em viagem. Parecia um povo migrando após uma guerra!

Nesse mês de janeiro também fui um viajante e viajando com o povo e como o povo, de qualquer jeito. Encontrei nesses dias entre as cidades de Codajás, Manaus, Manacapuru, Beruri e Anamã que viajei, centenas de pessoas que deixaram suas casa para ir ao encontro de pessoas queridas, amadas e de outras realidades.

Não foi fácil, o desconforto das superlotações, o calor, a comida e os banheiros fétidos, de fazer doer os olhos, causam grande cansaço. Segui sempre me perguntando sobre os péssimos serviços desses barcos. O povo aguenta, não há outro jeito e para alguns locais é isso e é isso mesmo.

Com certeza hoje o povo viaja mais e isso é bom. Nessas viagens, se depara com o novo, lugares e pessoas e numa troca de experiência se enriquece. Quando volta já não é o mesmo. Para o bem ou para o mal, as mudanças estão acontecendo.

Quem sabe um dia nossa secretaria de cultura possa perceber, o quanto pode ser enriquecedor para nosso povo programas culturais que possam passar pelo nosso mundo das águas. Mais enquanto nosso secretário de cultura só entender de eventos, o líquido será sempre um outro!

Nenhum comentário: