quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Entre Presépios e presepadas

José estava em Belém para participar do censo estabelecido pelo Rei. Com as rédeas nas mãos puxava o burrico onde Maria estava. Com nove meses de grávida, a barriga enorme, exigia um ritmo lento. O cansaço era mortal quando chegaram a cidade. Se a longa viagem nessa condição já tinha sido ruim, o sofrimento ainda não acabou com a chegada em Belém; o pior foi não encontrar alguém que abrisse a porta, o acolhesse e ela nesse momento difícil pudesse celebrar a vida, o nascimento de Jesus.

O resto vocês já sabem!

Caminhando esses dias por Coari, pensando com meus botões, cheguei a conclusão que Maria não teria dificuldade em encontrar acolhida na cidade, principalmente nos bairros de periferia, onde o processo de favelização está em ritmo acelerado. Algumas casas, pela pobreza das pessoas, mais pobres e humildes que a estrebaria onde Jesus nasceu.

São casebres nascendo por todo canto e gente que vive/sobrevive com 236 reais por mês. Em suas casas tão pequenas como presépios, as famílias se apertam, as crianças brincam com brinquedos das campanhas de natais, as vezes bois e ovelhas de borrachas, sujos, cor de barro. Em muitas delas habitam duas ou três gerações.

Nesses últimos sete anos, em todos eles, armam um tipo de presépio em frente a câmara. No ano passado, por essa época numa das casas a alegria reinava; um ano depois, num ato de revolta para aumentar seus rendimentos e entrarem num natal tão gordo como o natal do ano passado; numa presepata quase conseguiam a arte de deixarem os funcionários públicos sem receber o novembro deste ano.

Por falar em presepada; os últimos prefeitos de Coari vivem a fazerem presepadas sem fim com o povo da terra do gás e do petróleo. Cada um inventa uma pior. O grupo que está no poder atualmente até em presepada é incompetente; basta ver a obra da ponte de barro e a ornamentação natalina da Praça da Catedral. Presepadas iguais, ainda não vi!

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