Velha Infância

Cada fim de ano vivemos um momento de fronteira da vida, uma passagem ligada pelas condições humanas: "saudade e esperança". Essa fronteira está muito além do espaço  geográfico que ocupamos e participamos, avança por caminhos existenciais e em labirintos internos, íntimos e  sagrados, encontra a fronteira do mundo dos outros que fazem parte da nossa vida.

No grupo Notícias de Coari no Facebook o momento nostálgico de fim de ano, está ainda mais apimentado com diversas fotos de locais, pessoas e eventos de uma Coari do passado. As fotos estão lembrando momentos bonitos que vivemos e as lembranças encantadoras fazem tocar na memória o verso da música do rei Roberto Carlos "velhos tempos, belos dias".

Essa foto do Mandy's é poderosa e desperta sonhos que marcaram o sentimento de gerações de coarienses. Foi no clube que muitas pessoas encontraram o amor de suas vidas. História se cruzaram e se transaram para sempre. Vivemos o melhor tempo do rock nacional e internacional. Os bons tempos de Michel Jacson, Madonna, Queen, entre outros e a turma do Brasil, RPM, Titãs, Legião Urbana, Tim Maia, Gal Costa e a sua Chuva de Prata, entre tantos brasileiros que até hoje fazem parte da cena musical do país.

Fico pensando nessas lembranças e dos sentimentos que elas geram em nós. Observando os comentários no Facebook sobre elas, a impressão que tenho é que "parece" que antes víviamos com mais intensidade os acontecimentos, as relações e os locais; hoje tudo é muito mais marcado pelo exterior, pelo valor material/econômico; não que o econômico não significasse na época, porém, a pessoa e a história estavam em primeiro lugar.


Com certeza que é importante as lembraças boas, curtir com saudades um passado de tantos significados; porém, ficar só no saudosismo não é muito tanto saudável para o presente e muito menos para o futuro, tanto para a pessoa, como para uma sociedade. Os museus são contruídos com esse fim, nos lembrar/mostrar o passado.


O ser humano, em cada tempo avança nas experiências presentes e assim vai tecendo o futuro. O importante é viver bem o presente, vivê-lo com intensidade; saber conviver com o tempo que temos é a certeza boas lembranças no futuro e assim sucessivamente. Viver cada tempo como deve ser vivdo, bem!


Diante do passado de tantas boas lembranças da Coari, se faz necessário tentar entender e viver bem o presente na terra do gás e do petróleo. Com certeza a Coari de hoje é uma terra de mais oportunidades que a do passado. Somos mais ricos, temos diversas universidades, mais escolas e professores, temos mais estruturas, entre outras coisas que não tínhamos no passado.


Se a Cidade atualmente não é melhor do que no passado, todos nós temos nossa parcela de culpa. Somos mais pobres de valores e culturalmente. Somos milionários e grande parte dos coarienses vivem na miséria.


Precisamos viver o atual momento sem perder a inquietação e a capacidade de indignação, não é raiva, é esse desejo de não aceitar o que não se faz acontecer como princípio de vida. As boas lembranças de Coari no futuro vai depender de como vivemos/construimos o presente e o pior modo de viver o presente é "viver acomodado"!


Obs.:  abaixo um texto que escrevi no dia que o Mandy's fechou.

Mandy'S Club

O fim de semana que se passou deixou Coari sem mais um dos seus símbolos, o Mandy's Club. Vamos confirmando nossa fama de cidade que já teve.

O Mandy'S Club era a casa de festa (se esse é o nome!) mais antiga da cidade. Esse fim de semana, perdiu concordata e fechou as portas.

Quantas história poderiam ser contadas, umas positivas e outras nem tanto. Quase todos nós coarienses ali fomos para momentos de alegria, nem que seja para liturgia de colação de grau. Uma casa que marcou a cidade.

Lembro quando começou. Sua primeira casa, funcionou onde é a Unidade Básica de Saúde do bairro do Espírito Santo; depois mudou-se para onde hoje funciona o restaurante e pizzaria Vista Bela, perto da Panificadora aparecida; a próxima mudança foi para uma casa que foi demolida, ficava na esquina da rua Gonçalves Lêdo com a 05 de Setembro, atualmente está lá um outdoor. Finalmente se estabeleceu no local que funcionou até ontem.

As quatro casas todas na rua Gonçalves Lêdo.

Lembro quando chegou no local atual, era uma casa pequena; as mudanças foram se dando lentamente, um pedaço aqui, outro ali e assim foi. Até que um dia houve uma reforma maior.

Tive a oportunidade de frequentar as quatro casas, da minha adolescência a minha primeira juventude. A que mais gostei foi da segunda, apesar de não ser grande, era aconchegante.

Símbolo de festa e de alegria, a diskoteca como assim era chamada no começo, nos lembra que o ser humano não vive sem o lúdico. A festa é uma das nossas dimensões.

Com certeza Coari fica mais triste sem o nosso Mandy's!