Quem manda aqui sou eu

Nem sempre quem chega ao poder, tem poder. Essa foi uma das duras realidades que o então ex-presidente Lula experimentou e expressou ao ser eleito pela primeira vez e chegou a conclusão tentando viver o exercício de presidente do País. Constatou que todas as vezes que queria fazer algo importante ou nomear alguém num cargo estratégico, precisava negociar com pessoas e grupos, e nem sempre o que ou quem ele queria saia da sua vontade.

A presidente Dilma sente mais ainda essa realidade, foram pouquíssimos os ministros ou outras pessoas para cargos das importantes estatais nomeados por ela. O último caso foi o do ministro da pesca que teve que nomear/engolir, para agradar partidos e grupos; e tudo em vista das eleições que se aproximam. É um jogo do dar lá, toma cá e vice-versa. Débitos contraídos no período pré-eleitoral e eleitoral são pagos, na maioria das vezes, caros, caríssimos e o candidato que contrai a dívida, dificilmente sabe como vai ser o pagamento; só descobre na hora que o golpe sangra.

Estamos no período pré-eleitoral das eleições desse ano e as alianças, parcerias, tratos e contratos estão sendo construídas com pessoas, famílias, partidos, comunidades, igrejas, associações, ONGs, empreiteiros, fornecedores, agiotas e até com cafetões; dependendo dos acertos “aqui”, “nesse tempo”, será o tamanho do pagamento no futuro.

As negociações são as mais diversas possíveis: direção de escola, posto de saúde, feira, empregos, ganhos, serviços, salários, influências, obras (construções de escolas, ginásios, asfaltamento... ), secretarias, aluguéis de veículos e barcos, e o imaginável e indescritíveis mundos de coisas, pequenas e grandes.

Na terra do gás e do petróleo estamos assistindo esse tempo ser construído e o que se percebe é que sempre são as mesmas pessoas que fazem parte desse processo: os donos dos votos e do dinheiro. No fim das contas, são os mesmos que mandam. E eles querem que Coari continue assim, bom para eles; se é bom para o município, isto não importa; o que conta são eles e seus grupos. O tabuleiro é o mesmo, as peças também e o novo, quem ganhe, pode ser só o peão nas mãos de quem de fato faz as jogadas.

Destruir esse “vício” é o nosso desafio; tão difícil quanto a luta entre Davi e Golias!