quinta-feira, 12 de março de 2009

Bailé das Garças no Igarapé do Espírito Santo

Todas as manhãs, sem falta, elas dançam fazendo acrobacias sobre o verde que ainda cobre as poucas e sujas águas do Igarapé do Espírito Santo. Devem entender que com esse nome, o santo igarapé, só pode fazer parte do paraíso de onde elas vêm.

Elas, as garças, desafiam a vida e a morte para tentar a última jogada da vida; acima de tudo a beleza. É para tentar encantar a nós que já perdemos o belo e o transformamos apenas em obejto de uso sexual para satisfazer nosso prazer. Tudo pode ser comprado, tudo pode ser vendido. E elas gratuitamente desafiam esse modo de ser e de viver marcado por relações meramente capitalista.


Mais como já perdemos a capacidade de admirar o belo, elas parecem sobrar com o branco, sobre o tapete verde. Não se importam, vão tentando com seus gingados, passes e encantes viver a missão de dizer que o belo não tem preço e que a beleza é sempre gratuita.

Quem sabe um dia, quando elas não vierem mais, iremos lembrar, daí só o vazio nos trará a lembrança do que aqui já teve. Enquanto tiver igarapé, um tiquinho só, elas estarão nos presentiando com sua graça.

Estão dando o último grito que o Igarapé do Espírito Santo gostaria de dar. Grito da beleza que grita sua dor... Será que somos capazes de ouvir?


Nenhum comentário: