Retomo aqui aos posts que iniciei no fim do ano passado sobre a história da terra do gás e do petróleo, da Coari, a antiga Procíncia de Machiparo. Os dois primeiros posts retrataram os tempos mais antigos dessa bela terra. Muito, muito tempo antes da nossa atualidade.
O ponto de partida de hoje é o período que vai entre os anos 2.500 a.C. até o ano 500 d.C., a falta de estudos e de mateiral deixada pelos povos ocupantes da época dificultam qualquer leitura de como viviam as pessoas na região. Talvez a ausência maior é falta de investimentos em pesquisas para revelar um dos tempos mais belos dessa terra.
Provavelmente, segundo os novos estudos, ainda no processo de montagem de teorias, essas afirmações vão se revelar de forma segura de acordo com o prosseguimento das pesquisas; é nesse período que as etnias começemam a assumir a agricultura como um novo estilo de vida e isto implicou que territórios fossem demarcados e ocupados.
Foi o tempo da maior maturidade de conhecimentos sobre a Amazônia. As diversas e infinitas plantas do planeta verde na sua maioria já eram conhecidas e não só isso, mas, todo o processo de manipulação das mesmas era parte integrante do viver e do saber viver dos diversos povos. Isso deu a eles possibilidades de construirem, plantarem seus sítios e roças como material fixo para a vivência nos mais diversos lugares da floresta.
A várzea era explorada na sua riqueza de terra enriquecida com a enchente. Segundo os estudiosos, os cacicados eram também conhecidos como senhores da várzea. Nela eram plantadas toda cultura de rápido crescimento e exploração: feijão de praia, milho e principalmente a macacheira, entre outras culturas. Toda esta plantação era geradora de uma boa economia, dando condições de negociar com outros cacicados; alimentos eram trocados por armas, comésticos, remédios e até mulheres, isso mesmo, meninas-moça da melhor qualidade. Desde aquela época a força dos bens já destruia coisas belas.
O conhecimento mais sofisticado que chegaram a adquirir sobre o mundo amazônico nesse período, foi o de manipular plantas, raízes, cascas, folhas, pequenos animais para produzir a estrutura de conhecimento da medicina e dos comésticos. Remédios para curar quase todas as doenças ali conhecidas; desde uma inflamação no fígado até ao sofisticado anticoncepcional masculino, enigma até para a medicina avançada do século XXI.
O dia-a-dia de um grupo humano desse tempo estava ligado em primeiro lugar com a atividade de fé e de lazer. A relação com a floresta, era uma relação de reverência, de culto e de admiração diante de tanta beleza. Diante disso só a festa para agradecer, então vamos festejar. Tudo girava em torno do festejar. Plantava não só para matar a fome física, mas para tirar o alimento e a bebida para os dias de festas.
E nesse mundo do lúdico, a arte era o centro. Gasta-se horas e hora para ornar cada detalhe do corpo e dos isntrumentos usados nas danças. Tudo tinha que ser belo e de uma beleza medida, milimetrada. Os cocares, as lanças, as fantasias, os braceletes, um desenho no rosto, na costa, o corte de cabelo. Todo esse processo dava outra dimensão do uso do tempo. O tempo e o trabalho eram para ser aproveitados para cultuar e não para acumular. Uma diferença enorme do atual mundo dirigido pela estrutura de vida capitalista.
Belos tempos, velhos dias!
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