sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Trilhos
Desde de ontem numa sala de aula com 45 alunos. São dois dias para expor o material abaixo:

Análise de Conjuntura - Oficina

Referencial Teórico
O que é
A analise de conjuntura nos leva a conhecer e descobrir a realidade de um acontecimento ou de um quadro atual, de uma situação, para que tenhamos condições de interferir no seu processo e transformá-lo.
Na verdade a todo momento e em relação as mais variadas situações fazemos “análises” de conjuntura sabendo ou não, querendo ou não: “quando decidimos sair de casa, sair do emprego, entrar num partido, casar, colocar o filho numa escola...”, em todas essas situações, tomamos decisões baseados em uma avaliação da situação vista sob a ótica de nosso interesse ou necessidade.
Nessas decisões levamos em conta as informações que temos, buscamos nos informar, avaliamos as possibilidades, fazemos hipóteses de desenvolvimento dos fatos, das reações possíveis das pessoas ou dos grupos.

Como se faz – Metodologia de Análise de Conjuntura
Buscando identificar na realidade surgida o que a constitui, quais são os seus ingredientes, os seus atores e os interesses que estão em jogo.

Abaixo estão algumas das categorias que devemos observar e que nos darão um caminho para se perceber e melhor “analisar a conjuntura”. As categorias são as ferramentas com as quais trabalhamos. Vejamos o que vem a ser cada uma destas categorias:

Os Acontecimentos
Na Análise de Conjuntura o importante é analisar os acontecimentos e devemos distinguir fato de acontecimento. Na vida real ocorrem milhares de fatos todos os dias em todas as partes, mas somente alguns desses fatos são “acontecimentos”, isto é, “aqueles que adquirem um sentido especial para um país, uma classe social, um grupo ou uma pessoa”.
Identificar os principais acontecimentos num determinado momento, ou período de tempo, é um passo fundamental para se caracterizar e analisar uma conjuntura. A importância da análise a partir dos acontecimentos é que eles indicam sempre certos “sentidos” e revelam também a percepção que uma sociedade ou grupo social, ou classe tem da realidade e de si mesmos.

Os cenários
São os espaços onde os acontecimentos se desenrolam. Estão sempre mudando e isto influi, também, na mudança do processo, pois faz descolar as forças em conflito. O cenário de um conflito pode se deslocar de acordo com o desenvolvimento da luta: passar das ruas e praças para um escritório de instituições... e daí para os bastidores...
Cada cenário apresenta particularidades que influenciam o desenvolvimento da luta e muitas vezes o simples fato de mudar de cenário é uma indicação de fundamental importância no processo da leitura.

Os atores
O ator é tudo aquilo que representa determinado papel dentro de um contexto. Não é necessariamente, um individuo, mas pode ser uma classe social, uma categoria – um sindicato, jornais, partidos políticos, rádios, TVs, Igrejas...
Um ator social representa uma idéia, uma reivindicação ou uma denúncia para determinada pessoa, grupo ou até mesmo de um País.

A relação de forças
As classes sociais, os grupos, os diferentes atores sociais estão em relação uns com os outros. É a articulação, entre os diversos atores, do seu poder da força política, de decisão, influencia.
Essas relações podem ser de confronto, de coexistência, de cooperação e estão sempre relevando uma relação de força de domínio, igualdade ou de subordinação.
A relação de forças sofre mudanças permanentes. Uma pessoa, grupo ou instituição pode mudar de lugar de acordo com seus interesses!!!

A articulação entre estrutura e conjuntura
A questão aqui é que os acontecimentos, a ação desenvolvida pelos atores sociais, gerando uma situação, definindo uma conjuntura, não se dão no vazio, se relacionam:
* com a estrutura;
* a história;
* o passado;
* as relações sociais;
* políticas;
* e econômicas.

Existem duas leituras possíveis dos acontecimentos ou dois modos de ler a conjuntura:
* a partir do ponto de vista do poder dominante (lógica do poder) ou;
* a partir das classes subordinadas, da oposição, dos movimentos populares.

De modo geral as análises de conjuntura são conservadoras: sua finalidade é reordenar os elementos da realidade, da situação dominante, para manter o funcionamento do sistema, do regime. Esse tipo de análise parte do ponto de vista do poder dominante e, de certa forma, determinará não somente a seleção dos acontecimentos e atores a serem analisados, como atribuirá a estes acontecimentos um sentido afinado com os interesses das classes dominantes.
Através dos Meios de Comunicação a estrutura dominante quer definir o real, de incluir ou excluir atores e forças sociais, sempre a seu favor.
As coisas, os acontecimentos, as pessoas, os movimentos sociais, as idéias, as propostas, as alternativas existem ou não através de um único canal. Na ponta se coloca a vontade de um grupo, classe ou Estado – na outra ponta milhões de pessoas recebem o pacote de imagem que se pretende passar como uma realidade inquestionável.

Sistema do Capital Mundial - trilho na análise
A análise de conjuntura deve levar em conta as articulações e dimensões locais, regionais, nacionais e internacionais dos fenômenos, dos acontecimentos, dos atores, das forças sociais. E a importância dos elementos na análise de conjuntura depende de cada situação, de relação ou posição num contexto mais amplo e mais permanente.

O sistema do capital mundial se constitui o pano do fundo do processo econômico, social, e político. Ele não determina todos os acontecimentos de nossa realidade, mais é um elemento que condiciona o conjunto dos acontecimentos que definem processos históricos.
As empresas transnacionais são a ponta avançada do capitalismo, se caracterizam principalmente:
* pelo uso de tecnologia mais avançada;
* pela produção de bens sofisticados;
* e são em escalas de massa e em nível mundial.

A lógica do capital:
* concentração dos bens de produção sob o controle de uma minoria (exemplo – os grãos... bancos... carros... motos... etc);
* concentração de riquezas nas mãos de uma pequena parcela da população;
* competição;
* sistema de produção descentralizado e terceirizado. Ex.: uma TV é composta de 10.000 peças, produzidas por diversas empresas para uma “montadora”;
* produção de bens de consumo – necessidade x desejo;
* o econômico não estar separado do político, financiam campanhas eleitorais de candidatos e partidos, depois cobram!

Mecanismos Ideológicos de controle social
O Medo
→ é necessário criar a idéia de um perigo, ameaça, inimigo poderoso ou força sem limites que se coloca fora e por cima da vítima.
Os grupos sociais ou as pessoas atacadas pelo medo ficam paralisadas enquanto sentirem que esse inimigo externo os ameaça.
O medo como arma de controle social deve estar sempre criando as situações de medo, inventando perigos, explorando as situações de ameaça, para manter acesa a chama do medo nas pessoas.

Subserviência (modo de servir – submissão – adulação – bajulação – pux... )
A “subserviência”é um dos mecanismos mais eficientes de controle social porque ele se estabelece no interior, na subjetividade do próprio sujeito social, seja ele indivíduo ou classe social.
Se aceita a ordem social, suas leis, seus mecanismos, seus horizontes como algo inevitável e que não tem como nem por que sofrer mudanças.
Se existe miséria é porque assim tem que ser, é parte do destino de cada um, é a vontade de Deus.
Através da “subserviência”, a vítima se transforma em carcereiro de si próprio, daí sua eficiência como arma de dominação. Através da “subserviência” a ordem se perpetua e afasta do horizonte qualquer possibilidade ou desejo de mudança.
A religião – o religioso é uma das principais armas usadas para trabalhar a subserviência.

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