Manjar dos deuses
Partindo do comentário do Raimundo Gilmar no post sobre a prisão de um peixe boi no município de Coari, trago aqui a uma realidade que é bonita e complexa para a região amazônica, a cadeia alimentar do homem da região.
A Amazônica é uma das grandes reservas biológicas do mundo; nela encontramos uma enorme diversidade de animais que podemos comer. “Bichos” da terra, do ar e da água, bíblicos, saborosos. Essa reserva tem alimentado centenas de gerações de povos por milhares de anos.
O interessante é que segundo os estudos, os primeiros habitantes desse planeta floresta, conviveram em harmonia com tudo que aqui havia e conseguiam se alimentar sem eliminar, sem destruir. Herdamos deles uma floresta com seus animais. E como vivemos, nós os “civilizados”, estamos exterminando o que os “selvagens” cuidaram para nós.
A primeira grande matança de animais que se tem notícia, foi a das tartarugas no fim do século XIX; delas se faziam manteiga e óleos que eram consumidos nas mesas em Manaus, Rio de Janeiro e Londres, e também serviam para iluminar as ruas dessas cidades. Segundo os viajantes que por aqui passaram, matavam tartarugas, como matavam formigas.
Os índios foram descobrindo a culinária amazônica, como fazer um prato com cada coisa desse mundo; os animais e seu modo de serem preparados, com verduras, legumes, folhas diversas, raízes; fazer doces, sucos, cremes, bebidas alcoólicas, enfim um mundo de gostosuras. Todo esse conhecimento tem sido passado de geração em geração aos seus filhos e aos que aqui chegaram vindos da Europa, da África e de outras regiões do país.
Esse patrimônio gastronômico é servido nas nossas mesas, das mais simples as mais refinadas, em bancas pelos nossos portos até os restaurantes mais caros. Pratos cobiçados pelos nossos paladares.
No momento vivemos um tempo de novos caminhos. A sobrevivência em primeiro lugar, sendo assim, se faz necessário olhar os que primeiros precisam se alimentar desse mundo da floresta, os seus habitantes. Até porque, os homens e mulheres que nela habitam, tem o “direito” a dela se alimentar. Não é interessante termos uma floresta intacta, cheia de comida e seu povo passando fome. Numa compreensão ingênua de certos ecologistas.
Os órgãos de controle ambiental, governamentais ou não precisam entender, que quem mora na floresta, dela vive. Segundo os ecologistas os povos da floresta são os que mais cuidam dela. Estruturam uma economia de vivência, sobrevivência. Sabem desfrutar do mundo dos animais e plantas para viverem da melhor forma possível, curtindo os saberes e sabores aprendidos com o tempo.
Sabemos que os que têm dinheiro sempre arrumam um modo de terem o que quiserem em suas mesas, comem do bom e do melhor, sem serem importunados por fiscais de órgãos que só prendem as coisas dos pobres. Partindo da economia que gera esse comércio, se criou uma rede de exploração das coisas da floresta, explorar para lucrar.
E nesses últimos anos estamos assistindo uma economia baseada apenas no lucro pelo lucro, vendendo aos que procuram a tudo se satisfazer pela força do dinheiro, que está a tudo destruir. É a força da grana que destrói coisas belas.
Um comentário:
padre, parabenizo o senhor com os assuntos que são postados na Provincia de Machiparo,eu sou professor e defendo que ensinemos para os alunos assuntos da região, nosso povo ignora suas origens e desconhece a sua história, a origem do nome do seu municipio etc, seu blog, o único que ainda dispoe de assuntos que interessa a toda população, até por que os outros depois das eleições sumiram ou apenas colovam as noticias de outros, o seu conhecimento é grande e o senhor está dispondo conteúdos de suma importância p/ todos, uma pena que o povo ainda nao gosta ou fingue que nao lê, esse conteúdo postado é ótimo, está comprovado que o povo amazônico vive em perfeita harmonia com a natureza, foi o contato com o branco que tudo mudou, eles com a mente capitalista contaminaram alguns e esses alguns estao dissiminando essa idéia, pena que quem ganha são eles, o amazônida fica com a culpa, enquanto ele faz seu pequeno roçado para sobreviver o capitalista faz imensas plantações derrubando e destruindo o habitat dos animais, esses imensos roçados que são feitos em uma única vez o caboclo leva muitos anos para derrubar ou "destruir" sem contar que ele deixa a terra descansando, ou faz sítio que é muito diferente de campo que só tem capim, espero que um dia os nossos representantes defendam o povo e nao o interesse dos mandões do mundo.
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