terça-feira, 6 de abril de 2010

Castanha de Sangue


Nossa castanha é negociada desde o tempo do Brasil Império, no momento vive seu boom pelo seu uso medicinal. E o melhor de tudo isso é que o crescimento está se dando no mercado interno; estamos quase chegando a metade do que é exportado.

As empresas que captalisam, compram dos donos dos castanhais estão rindo atoa. Compram barato e vendem a bom preço. Temos castanheiras da "natureza" com safras suficientes para abastecer os consumidores do mundo e isso sem plantarmos mais um pé da árvore.

Toda questão está no processo coleta e de quem colhe; tudo funciona do mesmo modo do Brasil Império. A exploração é vorax.

Tomemos o exemplo de Coari, que é segundo os compradores, o município com a maior quantidade de árvores do estado do Amazonas; os donos dos "castanhais", "convidam" pessoas para trabalharem em seus castanhais no período do "fábrico da castanha". Eles insistem no convite, fazem promessas iguais aos dos nossos políticos, que nunca são cumpridas.

Aceito o convite, chegado o tempo, para os castanhais se vão, coletores de castanhas; gente pobre e analfabeta, fáceis de serem enganadas e sem condições nenhuma de após trabalharem conseguirem alguma coisa na "justiça" contra os donos dos seringais; por isso são convidadas para o trabalho.

Aceitaram mais uma vez esse trabalho explorado por não terem emprego ou trabalho; são pais de famílias, precisam de dinheiro para sustentar casa, mulher, filhos e quase sempre netos.

Recebem, do agora já "patrão" uma cesta básica, alimentos e outras coisas mais para um certo tempo e se quiserem mais, só pode ser comprado do "patrão", seus donos.

E o lado mais triste da história é o fim, sem final feliz. Cada ítem da cesta básica e outros mais que é consumido nesse tempo, vale muitas vezes mais que no comércio da cidade mais próxima. É um ciclo viciado de um verdadeiro trabalho escravo.

E o pior de tudo é que o "patrão" só repasse o valor da castanha coletada quando o hectolitro está com a cotação mais baixa possível, isto é, vende na alta e repassa na baixa. Ganhando assim duas vezes, primeiro na sua porcentagem de tudo que é coletado e depois na diferença da venda.

Quando a castanha chega nas mãos dos consumidores, quase sempre gente da classe média alta que tem condições de está no médico, cuidar da saúde e comprar o que o doutor manda; está com o sangue do trabalhador pobre que o coletou por essa imensa Amazônia.

É castanha de sangue. Vida de uns, Morte de outros!

Um comentário:

Anônimo disse...

o que existe na pratica é escravidão com essas pessoas que estam dentro da mata tirando castanha, sendo exploradas, escravizadas, cade as autoridades. Ministerio do Trabalho, cade, a federal, CADE???