Na terra do já teve

Assisti ontem a abertura do Oitavo Festival de Filmes do Amazonas, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura. Minha primeira surpresa na fala dos responsáveis é que os filmes serão apresentados em alguns locais de Manaus e também em algumas cidades do interior do Amazonas. Me animei que poderia ser em Coari, depois de anunciadas as cidades do interior, o nome da terra do petróleo e do gás não apareceu entre elas. A pergunta ficou girando na cabeça e não quer parar: será que nosso mundo cultural é feito só de copo e bar? Ou não temos de fato uma secretaria de cultura e sim um Setor de Eventos?

Meu interesse na abertura do festival não era em prática a cerimônia e todo seu rito com o charme de diretores, atrizes e atores famosos, em especial Fernando Meirelles que recebeu das mãos do Secretário presentes finos, feitos das mãos mágicas dos nossos índios, uma linda rede de tucum e um quadro de um artista local (leia mais). Meu interesse era o filme Xingu.

O filme conta a história dos irmãos Villas Bôas e a luta para construir o Parque Nacional do Xingu. Como diz Fernando Meirelles a história, apesar de se passar da década de 60 é muito atual diante do atual paradigma embiental que nos encontramos. E a mega produção retrata essa realidade com arte e encatamento, mostrando a luta dos irmãos e dos índios diante dos diversos interesses sobre a terra, da parte do governo, dos militares, dos fazendeiros, mineradores e todo tipo de capital destruidor da vida.

Enfim, mais uma mega produção brasileira que vai encantar o país e o mundo e orgulhar os brasileiros!

Além das celebridades, a grande alegria do público foi o anúncio do Curso de Cinema na Universidade do Amazonas que vai começar no próximo ano. O público também vibrou muito com a notícia da restauração do cinema em Parintins. A notícia derrotou meu coração, me fez lembrar que Coari já teve dois cinemas, o cine Alex e o São Francisco; hoje são parte da lembrança da geração acima dos 40. 

Também me fez pensar que não estamos trilhando caminhos na terra do gás e do petróleo que lembre a qualquer um, que temos um mundo cultural ou outra lembrança que diz que nem sempre quem tem dinheiro tem cultura e parece que é aqui que nos encontramos!