quinta-feira, 15 de março de 2012

Campanha da Fraternidade 2012 - o lado da Pajelança

Recentemente o Ministério da Saúde tornou pública as informações do ID-SUS; o indicativo de como anda a saúde do Brasil. O país ainda anda muito doente e a grande maioria dos brasileiros, principalmente os pobres, sofre com os serviços oferecidos pelos vários órgãos que formam a saúde pública. Entre as cinco regiões, a nossa ficou em último lugar. Eu não me lembro, quando não estivemos no último lugar.

Infelizmente os órgãos responsáveis pelo indicativo de saúde no Brasil, não levaram em conta na nossa região, os benzedores, rezadores, pajés e macumbeiros, que tanto bem fazem para a saúde do povo amazônico. Quase sempre essas pessoas que curam quebranto, mal olhado, espinhela caída, colocam ossos e nervos em seus lugares e outras curas; são vistos pela medicina oficial com alto grau de preconceito. São gente simples que dominam conhecimentos tradicionais acumulados em milhares de anos.

Além do preconceito a medicina oficial não pergunta pela funcionalidade e a procura das pessoas a esse método de tratamento de saúde. Não quero aqui endeusar o que vou chamar de “pajelança”; minha intenção é mostrar que esse caminho para a saúde é tão frequente na vida dos amazonidas, quanto os hospitais, postos de saúde, farmácias, médicos, enfermeiros e tudo mais que compreende a “saúde pública” ou às vezes pelas distâncias esse mundo é o único presente na vida das pessoas.

Gostaria de destacar numa leitura simples alguns elementos da saúde pública que incentivam a “pajelança amazônica”:

1. o atendimento:

No sistema de saúde da medicina oficial o paciente é submetido a um processo burocrático que é de matar. Para se consultar precisa pegar uma ficha e quase sempre se a pessoa não chegar cedo, cedo, de madrugada, não consegue vaga para aquele dia. Depois vem a espera, toma-se um chá-de-cadeira, a paciência chega a faltar e por último a consulta propriamente dita; um tratamento totalmente impessoal, as vezes nem o nome da pessoa, se pergunta. A angústia é tanta que a vontade é não voltar nunca mais.

No sistema tradicional de saúde, quem atende, acolhe, conversa, há partilhas de histórias, um cafezinho, uma troca de olhar; só esses elementos já são terapêuticos, remédios para a alma e o coração. Possa ser que não se saiba qual é a doença, mais o doente sai melhor do que quando chegou.

2. o fator econômico

Os médicos transitam no mundo dos bons salários e os remédios por eles receitados custam o olho da cara e a cara toda.

Os benzedores, rezadores, pajés e macumbeiros são gente simples, pobres e geralmente seus pagamentos são deixados dependurados no “Deus te pague”; e os remédios não são tão caros.

Enquanto os médicos solicitam exames que não são entendidos e nem explicados, a “pajelança” têm a paciência de escutar e tocar para curar.

A pajelança amazônica é tão parte e perto de nós e ao mesmo tempo, pelo preconceito, tão longe. Talvez a valorização dos nossos conhecimentos tradicionais nesses últimos anos, nos ajude a perceber a grande importância da pajelança na nossa saúde pública. Muitos passos já foram dados, mais ainda estamos no começo!

4 comentários:

Carlos Henrique disse...

Com toda certeza o atendimento na saúde pública oficial é bastante precária e dolorosa! Precária pela falta de bons profissionais, com sentimentos e solidariedade para os "seus pacientes", medicamentos gratuitos, pelo menos para os menos favorecidos. Dolorosa pela demora no atendimento, a longa espera e o pessimo tratamento dispensado pelas pessoas que deveriam pelo menos respeitar os seus semelhantes que procuram por assistência médica. Enfim, para que tenhamos uma saúde saudável se faz necessário muitas mudanças em todo os sistema de saúde deste imenso Brasil. Por isso seu padre, é que procuramos os tradicionais e tão importantes tratamentos por meio da pajelança. Nesse meio vamos ter atenção, respeito, afeto, companheirismo, humanidade, etc. No sistema de saúde municipal de Coari o que sempre encontramos é a falta de pessoas qualificadas para nos atenter na recepção das unidades básicas de saúde e no hospital, a falta de médicos, mesmo clinico geral. Não temos nem sequer os remedios básicos, que são os calmantes. Agora temos desvio de verbas publidas destinadas a serem aplicadas na melhoria da saúde publica, arrogancia de funcionários que pensam que são os donos do saber e da razão. Descaso com os doentes e tantos outros males que só quem precisa se utilizar do atendimento no sistema de saúde publica é que sabe o quanto sofremos. 2012 chegou e precisamos mudar essa situação de mendigos na saúde publica de nosso país e principalmente de nosso milionário municipio que é a afortunada e mal tratada Coari!!! Um forte abraço, cheio de paz e amor...

Anônimo disse...

Daqui a 96 dias acontece no rio de janeiro a rio +20. onde chefes de varios lugares do mundo irão tratar sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade. Aqui em coari não existe nem mesmo uma preocupação com relação aos dois temas. Com o falecimento do então sec. de meio ambiente Romão, até hoje a sociedade não sabe quem é o secretário de meio ambiente do municipio?. Só sabe-se que o prefeitinho ta nem aí para esses questões. ele anda muito ocupado perseguindo o pessoal do PT que querem sair da base aliada. Para isso ele e o grupo dele são bons. mais isso tem data e hora para acabar.

o povo quer mudança.

antes tardes que nunca...

Anônimo disse...

O prefeitinho manda os seus puxas sacos da rádio "COMUNITÁRIA RÁDIO CIDADE" Programa novo tempo, dizerem que tem médico no hospital. Ora senhor prefeitinho... isso é mais que obrigação de sua gestão, isso não é favor.

Cadê a ponte do pera Armandinho?

o povo quer saber Cadê o cao-crimo, estamos esperando ansiosamente...

cadeia neles...
cadeia no milhão...

Armandinho do Pera disse...

Pô! Você quer a Ponte do Pera, mas fica jogando praga para que não aconteça. Esse tipo de pajelança pega, não é Padre Zezsinho.

Quanto ao texto, digo parabéns, visto que os pajés curam as pessoas usando as plantas medicinais de nossa floresta, e isso é bom e barato.