quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A luz do dia


Minha maior surpresa essas dias em Coari foi de ver o finado Tijuca ser destruído. Faz tempo que agonizava no silêncio do abandono e do desprezo. Silenciosamente as mudanças foram acontecendo sem que ninguém tomasse qualquer providências de cuidado, era uma catacumba com defuntos vivos mortos movidos pela droga, na última sombra da esperança de renascerem, sairem do túmulo.

O Tijuca era um símbolo que marcou a vida de gerações de coarienses de um tempo que já não existia. Talvez sua destruição completa a morte definitiva de tempos idos que continuam caminhando na lembranças de saudosistas de uma Coari de um passado distante. Era um fantasma de si mesmo.

Enquanto municípios e estados restauram e conservam seus prédios, patrimônios arquitetônicos, culturais e históricos, em Coari arranca-se pela raiz os prédios antigos como forma de apagar qualquer rastro de história. Leva-se ao pé da letra que um "povo sem história é um povo sem memória". Os últimos que sobram é o Lopes Braga e a Nave central da Catedral que teve seu presbitério de azulezo importado trocado por cerâmica barata, de mal gosto, preta, muito parecida com um caixão, talvez o caixão do município que há muito espera para ser sepultado.

O assassinato está acontecendo a luz do dia, debaixo de um sol de 40 graus e ninguém para dizer "ai". Era uma vez o Tijuca, ícone cultural de um tempo que se vai sem deixar rastro de uma história ou de qualquer lembranças de um povo que a única coisa que deve guardar é o santinho dos donos de seu títulos!


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