segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Na terra de Deus e do diabo


Cheguei em Coari essa madrugada. Faziam anos que não chegava na cidade nesse horário. Meio sonolento sai da lancha para um porto que anuncia com todos os sinais que aportamos num mundo abandonado. Como pode ser que depois de anos de riqueza ainda não temos um porto decente tanto para cargas, como para as pessoas. Fiquei pensando como deve ser o embarque e desembarque dos idosos e doentes. O cartão de entrada diz como eles são tratados.

Descendo a prancha num malabarismo para chegar embaixo sem levar nenhum tombo, o caminho dela até a "escadaria" feito de areia do tempo misturado com barro vermelho (não tapete vermelho) é um convite a pensar de como é aquele caminho para ser percorrido com sapatos de trilhas num dia chuvoso = uma mistura de areia, barro liguento com cola e abiu verde. Sai-se de tamanco sem querer.

Na Praça o Cristo de braços abertos a espera da foto digital, silencioso como quem vem aguentando o tranco de tudo da humanidade há dois mil anos. Na terra do gás e do petróleo não é diferente, onde por amor tanto tem dado e as riquezas naturais que eram para ser para todos, enriquecem uma pequena minoria nesses últimos anos da história do município. Tanto faz de um governo como de outro que até agora sentaram no trono do Palácio 02 de Agosto.

De manhã fui ao mercado, a fartura de peixe ali existente me lembra de quão é abençoado esse município, mesmo tendo suas riquezas tão mal administradas, que não é capaz de distribuir rendas para todos e uma grande parte da população vive na pobreza e na miséria. Até quando ambas as situações vão aguentar é a questão que o tempo vai responder.

Do mercado a feira foi inevitável não parar com um ou outro, em geral comerciantes que começavam a debulhar um rosário de queixas diante do movimento do comércio que anda se arrastando a passos de tartarugas. E eu, com os meus botões ia dizendo nada de novo debaixo do sol das terras coarienses!


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