Vivi quase toda minha vida no Médio Solimões nas
cidades de Coari, Manaus, Codajás, Manacapuru e atualmente em Anamã. Se olharmos no
mapa, veremos que a localização é bem no centro do estado do Amazonas. Um mundo verde e
líquido. De duras e aguadas realidades. Terras de aventureiros de muitos sonhos
e de muitas riquezas.
Cresci ali pelas águas do igarapé do Espírito Santo e do lago de
Coari; tomando banho e pescando. Cresci vendo barcos “geladores” subindo o rio
até Tabatinga. Ouvindo suas histórias de levarem em suas caixas frigoríficas
peixes lixos e baixarem com gasolina e outras mercadorias, inclusive, como
diziam, a melhor e a mais rentável, a cocaína. Riquezas surgiram desse momento
e hoje em Coari estão lavadas com outros negócios que disfarçam o que foram um dia.
Hoje as águas do Solimões não servem mais para levarem peixes lisos para Tabatinga; a
riqueza não sobem, descem. A calha principal do Solimões é o principal
corredor da cocaína que sai da região da tríplice fronteira; Brasil, Peru e Colômbia e chega até
Manaus, quando chega e da capital ela segue para novos destinos, inclusive
voltando para os municípios por onde passou e Coari é um desses destinos.
Quando os traficantes da área descobriram o caminho da cocaína,
começaram a tramar modos de interceptar e tomar a droga para si.
Afinal de contas, ladrão que rouba ladrão, merece perdão. Essas aquisições deu uma alavancada na economia de alguns traficantes que
viraram fortes empresários importadores pagando a vista e em dinheiro.
Assim, nesses últimos anos está nascendo uma nova elite econômica de Coari, forte e com muitas ramificações, assim vai-se lavando riqueza, até chegar as novas gerações que não tiveram ligações com a atual situação das gerações dessas riquezas!
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