domingo, 1 de março de 2015

Coari, um filho teu não foge a luta


Na minha lembrança mais distante da história da terra do gás e do petróleo, estão as lutas de um povo que nasceu forjado em fibra de carbono e vive para aguentar, resistir as humilhões, a fome e a exclusão. Os pobres dessa terra, como em lugar nenhum da terra, nunca tiveram vez e voz.

Não me lembro o ano de uma manifestação por uma crise de água na cidade, mesmo estando localizada as margens de um lago e do lado do Solimões, a bomba que bombeava água para as casas vivia sempre quebrada e das torneiras nada saia. As mulheres, elas como donos de casa foram as que mais sentiram a ausência d´água para seus trabalhos caseiros; por isso estavam a frente das manifestações que cobravam um serviço de boa qualidade. Minha saudosa madrinha "Maria do Léu" a frente com suas modinhas e versos que zumbiam no ar como gritos de guerra.

Armados de paus e todo tipo de coisas que podiam quebrar uma grande máquina, os manifestantes por energia de boa qualidade se postavam diante da "Celetra" nos meados dos anos oitenta, fazendo barulho e ameaçando quebrar os geradores de energia caso elas não "dessem energia". Havia medo e insegurança; porém, não passou disso e tudo voltou ao "normal".

Em dois mil e quatro a polícia especialista em combater e expulsar "invasores de terras," invadiu Coari para manter a ordem e instaurar uma guerra injusta contra os pobres coarienses que queriam um pedaço de terra para armar seus barracos. Na base de balas de chumbo e de borracha eles tiveram que sair. O terreno é o atual bairro do Grande Vitória que não resistiu a uma ocupação pré eleitoral.

Quando todo fogo parecia apagado, as cinzas foram assopradas e as brasas resnaceram e de novo acenderam o fogo das lutas, pois, a humilhação e o esbanjamento não foi suportado pela fome a miséria que beirava a indigência da grande maioria dos coarienses. O medo foi vencido, até ter a polícia das velhas ditaduras calarem sinais e os que querem uma Coari diferente, onde a Palavra Esperança tenha lugar no dicionário do dia-a-dia da cidade!


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